quinta-feira, 24 de março de 2011

Com que roupa eu vou?!

   Bem, quanto ao desastre no Japão, as coisas aos poucos estão se normalizando. Ainda temos muitas pessoas desabrigadas, sem comida. E para piorar agora temos o problema de contaminação da água. Temos vivido dias difíceis aqui, mas aos poucos a sociedade japonesa vai se reestabelecendo.
  Outro dia fiquei bastante assustada quando fui ao supermercado e estava faltando água e arroz. Confesso que nesse momento me questionei muito se deveria ou não permanecer aqui. No entando, as coisas por aqui estão melhores e não falta mais nada no supermercado.
 


Esse, agora vou comecar um post que vai ser um pouco atípico e vou falar sobre a moda do Japão.
  A primeira coisa que se pensa quando se fala em Japão são as pessoas de roupas exóticas e cabelos coloridos. Se você esta esperando que eu fale disso, pode parar de ler o post agora...
Isso não é verdade, pois a maioria dos japoneses são até discretos quanto as roupas e cor de cabelo. E quando digo “até discretos” é por que existem sim alguns japoneses que fazem questão de ser suuuper chamativos.
  Bem, as mulheres, ouso dizer, são as que se aventuram mais nos modelitos. No inverno, abusam dos shorts e saias curtas e botas. Devo até dizer que a bota é um acessório fundamental do guarda roupa feminino japonês. Aqui temos botas de todos os estilos, cores e tamanhos. E sem comentar que todas as japonesas se amarram em um salto alto!


   Uma coisa interessante, é que as japonesas se amarram em usar sapatos com detalhes em pele. Ninguém faz ideia do sucesso que essa moda tem por aqui. Casacos, sapatos, luvas de pele (na verdade pele sintética). No começo achava até estranho, mas agora me acostumei a ver roupas assim por aqui.
  Aqui as pessoas não se recriminam pelo estilo de se vestir. Cada um se veste como quer. Não há muitas regras a serem seguidas no quesito combinações. Você pode colocar uma blusa rosa com uma calça amarelo ovo que ninguém vai se incomodar. E aqui eles fazem combinações como as que eu citei. Eles usam bastante coisas coloridas, floridas, xadrez. Para nos ocidentais, isso é bastante incomum, mas esse e o jeito que eles encontram de expressar a sua individualidade.



   Quanto aos homens, eles são um um pouco mais “discretos” que as mulheres, mas sempre há excessões a regra. Uma coisa bem difundida aqui entre os homens e o uso de bolsas. E muitas vezes as bolsas parecem ser de estilo feminino, mas para eles isso aqui não tem problema alguns. Isso demonstra de certa forma um diferença cultural entre Brasil e Japão. Aqui os homens não se sentem acanhados ou constrangidos para usar uma bolsa ou vestir pecas de vestuário de cor de rosa, por exemplo. Se fosse no Brasil... O garoto já teria recebido milhares de apelidos nada legais... Outra coisa também bem interessante é que os homens também colocam vários pinduricarios em celulares, e se amarram e receber bichos de pelúcia como presente!
   Os estilos de cabelo são outro fator que interessa muito aos japoneses. Poucos são os que mantem a cor natural do cabelo. O castanho é a cor dominante nas cabeças japonesas. Isso vale para homens e mulheres. Muitas mulheres dizem que o castanho é uma cor boa para se pintar o cabelo, pois é uma cor mais natural (e elas dizem isso por que querem se modificar, mas ao mesmo tempo querem ser o mais naturais possível... Vai entender!).  Japonese loiros, de cabelo azul, rosa, não são vistos com frequencia por ai...
  Penteados, também são diversos. Mas as mulheres são as que mais chamam atenção. Fazem coques no topo da cabeça, rabos de cavalo em diversos lugares e as vezes mais de um.  Homens e mulheres fazem uso de bastante gel e pomadas para manter o cabelo do jeito que eles querem!
  Mas e aonde estão os japas de roupas estranhas e cabelos super coloridos? Bem, alguns deles podem ser vistos em lugares específicos. Aqui em Osaka o ponto de encontro dessas pessoas exóticas e Shinsaibashi e a Den Den Town. Nesse locais com certeza você verá os japoneses típicos mostrados no Fantástico! Outro lugar bastante conhecido para ver esses amigos nipônicos são os bairros de Harajuku e Akihabara, ambos situado em Tóquio.



   Bem, esse só foi um post ilustrativo sobre uma curiosidade da sociedade japonesa. Se alguem quiser saber mais alguma coisa, pode perguntar...

quinta-feira, 17 de março de 2011

E o que fazer em caso de perigo?!

Bem, hoje decidi falar um pouco sobre a questão dos desastres naturais no Japão. Se bem, que ultimamente não se fala outra coisa...
    Como todos sabem, o Japão é um país extremamente preparado para terremotos. Os prédios aqui são construídos para aguentar os constante tremores que acontecem nessa ilha. Mas vocês podem se perguntar “se eles aguentam tão bem, por que ocorreram acidentes nesse último terremoto”? Reposta fácil. Por mais que os prédios sejam preparados, um terremoto de escala 9 não é brincadeira. Esse terremoto foi tão forte que pode ser sentido até aqui em Osaka. E olha que estamos a quase mil quilomêtros do epicentro. Eu estava na rua quando senti os tremores. Estava em Toyonaka (no outro campus da Handai) fazendo a minha matrícula do doutorado, quando senti a terra tremendo. É uma sensação estranha. No primeiro instante pensei que era coisa da minha cabeça, pois olhei ao redor e ninguém parecia se incomodar com o que estava acontecendo. Então, alguns minutos depois comecam a chegar milhares de mensagens falando do terremoto.
 E outro ponto sobre esses desastres naturais é que os habitantes desde crianças recebem treinamentos para terremotos. Quando cheguei ao Japão, por exemplo, uma das primeiras coisas que me deram foi um kit de terremotos e um guia com instruções. Diante de toda essa organização, o número de mortos foi menor do que seria em qualquer outro lugar do mundo.
    As primeiras noticias que recebemos do terremoto eram assustadoras. A todo segundo coisas aconteciam. Noticiarios falando do tsunami, todo o Japão estava em alerta. Parentes e amigos ligando desesperdos... Era estranho ver todo mundo grudado ao coputador e celular tentando tranquilizar a família. Inclusive, a frase que mais tenho usado ultimamente é “estou bem!”. Sei que parece um pouco bobo, mas vi quantas pessoas se importam comigo nesses dias... Sempre recebo mensagens e e-mails preocupados. De certa forma, isso me deixa feliz.
    Nao digo que a situação em Osaka é a melhor, mas em vista do que está acontecendo na região nordeste, Osaka é o paraíso. Por isso, centenas de japoneses estão se refugiando aqui. Inclusive tenho amigos de Tokyo que estão correndo para a região de Kansai. Oficialmente o Governo Japonês não fez nenhuma menção sobre isso, mas se as coisas continuarem assim, acho que logo Kansai será invadida por milhares de pessoas. Tem gente falando de comecar a fazer estoque de comida, pois pode haver falta de alimentos na nossa região também. Espero que isso não chegue a acontecer.
     Uma coisa interessante ou  estranha, é a maneira que alguns japoneses tem se comportado durante essa situação. Muitas pessoas não comentam sobre o assunto e levam a vida como se nada estivesse acontecendo. No meu laboratório por exemplo, não se vê ninguém comentando os acontecimentos, as vezes eu sou a única que falo sobre isso lá dentro. Acho que os mais preocupados são os estrangeiros. Hoje pela manhã fui a imigração tirar meu re-entry (permissão para sair do pais e depois poder voltar sem ter que tirar visto de novo) e percebi como os estrangeiros estão tensos. A imigração que geralmente é vazia e tem um atendimento super rápido, hoje estava lotada e os atendimentos estavam vagarosos. Centenas de imigrantes estavam querendo tirar o re-entry. Vi alguns at é com as malas já prontas para deixar o país.

 Imigração hoje pela manhã. Fila de estrangeiros para tirar o re-entry.

 Mas parando para pensar, essa atitude dos japoneses é até razoavel. Acho que nós estrangeiros nos apavoramos por que estamos em um país estranho e sabemos que se der problema temos um lugar para voltar. No entanto os japoneses não. Esse é o país deles. Eles não tem um lugar para voltar. Com desastre ou sem desastre, eles terão que ficar aqui e arcar com as consequências. Tenho pensado muito sobre isso ultimamente.
    Confesso que as vezes sinto medo. Sim, já pensei em fugir e pegar o primeiro vôo de volta, principlamente com as notícias em relação a usina em Fukushima. Entretando eu não posso sair correndo daqui que nem uma louca sem uma razão concisa. Enquanto Osaka for declarada segura, estarei por aqui.   
    Mesmo diante de tanta preocupação e problemas, o povo japonês é admirável. Eles são extremamente organizados, mesmo em meio ao caos. Não acontecem saques a supermercados, não existe histeria nas ruas. Outro ponto é o esforço que muitos japoneses estão fazendo para ajudar as pessoas que estão com problemas. Varias ONG'S, empresas e artistas estão se mobilizando para ajudar. E está sendo difícil para todos, pois o tempo também não colabora. Tem estado muito frio esses dias. Isso é um grande problema, pois as equipes de resgate além de passarem dificuldades para ajudar o povo japonês, tem que enfrentar o frio. E pensem nas pessoas desabrigadas... Ver toda essa situação me deixa com o coração apertador por não poder fazer nada.


Projeto "Show me your heart" iniciado pelo cantor GACKT para ajudar as vítimas do terremoto e tsunami.


 Inclusive tem nevado em Osaka. Engraçado que quando cheguei me disseram que em Osaka só nevada dois dias por ano e não chegava a acumular neve. Entretanto, já presenciei varias vezes neve! É o tempo está doido mesmo.

    Vista do prédio da Handai.

Parque que fica atrás do meu quarto.


 Bem, agora só nos resta pedir a Deus socorro e esperar que dias melhores apareçam...  

segunda-feira, 7 de março de 2011

Falta de espaço ou excesso de gente?!


      Uma das coisas se comenta sobre o Japão e a falta de espaço e como as coisas aqui são compactas e pequenas. Isso é verdade. Ao vir morar no Japão, você tem que se adaptar a morar em lugares pequenos. Vivo a cinco meses (completados hoje) no dormitório da JASSO (fundação do governo japonês) em um quarto de 8 metros quadrados. Pequeno?! No começo achava, mas agora me habituei. O quarto tem tudo o que preciso, cama, geladeira, escrivaninha, um ar condicionado. Para uma pessoa só, está bastante razoável.      
      As acomodações são boas. Banheiro e cozinha, são comunitários, mas tudo é limpo todo dia.  Mas em geral, os apartamentos daqui não são muito maiores que isso. Casas aqui são extremamente caras, só pessoas com bastante dinheiro tem condicoes de ter uma casa. No bairro em que moro, tem algumas, mas isso por que Suita é um bairro nobre em Osaka.

  Minha vizinhança em Suita.

     Estar no Japão acaba significando que você tem que se acostumar a viver em lugares menores. Aqui realmente eles aproveitam todos os espaços. Vide o subterrâneo. Em vários pontos da cidade, existem literalmente outra cidade embaixo. Aqui em Osaka, em Umeda, você pode realmente se perder no subsolo.




 Subterrâneo da estação de Umeda.


   Outro ponto interessante e a população.  Osaka é a segunda cidade mais importante do Japão, perdendo apenas para Tokyo. Fica na região de Kansai e tem uma população de 4 657 hab/km².   




     Mapa do Japão com suas regiões.


    Entretanto, Osaka, pelo menos para mim, parece ser mais amistosa que a capital do Japão. A vida aqui também é frenética. Metros lotados, gente correndo para tudo que e lado. E isso acontece com frequência, pois como o transporte público é super pontual, atrasou, perdeu.... Em horário de rush, eh comum você ser espremido no trem sem dó alguma. O máximo que acontece é eles falarem um “sumimasen” (com licença) e saírem te empurrando para entrarem. 

     Video de um metro em Tokyo... Nunca peguei um trem assim, mas ja cheguei perto. 


     Devido a esse tipo de coisas, as vezes mulheres reclamam de terem sido abusadas. Para isso existem alguns vagões específicos para mulheres, mas que na verdade os japoneses não respeitam. 


 Estação de trem de Minami Senri.





     Aviso na estação de trem.


Outra coisa engraçada e a questão de ocupar lugares nos trens. Existem pontos específicos para idosos e deficientes, mas o que acontece muito é ver pessoas saudáveis e jovens sentados nos lugares reservados. E eles nem se importam com isso.  Outra questão que é comum no Brasil, mas que você não vê aqui é oferecer lugar. Muitas vezes vi velhinhos e mulheres com crianças em pé, e ninguém perto oferecia lugar.
No país em que cada vez a população fica mais velhas, eles acreditam que os idosos não precisam de muita ajuda (ou seja eles podem se virar muito bem sozinhos). Você vê muitos senhores e senhoras idosas caminhando sozinhos, fazendo compras. Alguns deles com tanta dificuldade para caminhar que levam 10 minutos para andar 20 metros. Ao ver isso, inconscientemente você que ajudar, entretanto isso aqui não é  comum. Se você oferecer ajuda  é capaz deles acharem ruim. Uma vez me explicaram que isso tem a ver com o fato de achar que eles não tem capacidade de fazer as coisas sozinhos. Entetranto não acho nada ruim você oferecer ajuda a alguém que está precisando.
  Os velhinhos são os japoneses mais educados e amistosos. Sempre que passo por eles, estão com um sorriso no rosto, cumprimentam e até puxam papo, diferentemente dos jovens, que mal olham na sua cara. Ouso até dizer que fazem questão de ignorar a sua existência (e não estou brincando, por mais maldoso que isso pareça). Mas voltando ao velhinhos, já fui varias vezes abordada por velhinhos que queriam conversar, ou apenas ser amigáveis.
 Já ganhei presentes como artesenato, balinhas e sorrisos amigáveis e sinceros. A barreira da língua dificulta um pouco a comunicação, mas alguns deles arriscam um inglês, na tentativa de saber um pouco sobre a minha história.    
   Viver no Japão tem altos e baixo, coisas boas e ruins... A cada dia vou aprendendo como viver nesse país tão diferente!