segunda-feira, 25 de abril de 2011

Primavera, Spring, 春

Bem, como alguns podem ter reparado, eu mudei o visual do blog. Como agora no Japão é a primavera, e entrando no espirito da estacao, resolvi dar um modificada nas coisas. Agora ficou com bem mais cara de blog de meninha.... Hahahahaha!



   Deixandos a minhas besteiras de lado, como o prometido no post anterior, vou falar um pouco sobre o hamini. De acordo com o nosso querido amigo “google” e a wikkipedia, o Hanami (花見,-. olhar as flores) é um costume tradicional japonês de apreciar a beleza das flores. Nesse evento, as pessoas costumam se reunir embaixo das árvores para apreciar as flores enquanto fazem piquenique. As flores de cerejeira não duram mais que três semanas e esse é um momento muito especial para todos os japoneses.
   As aglomemarcoes de japas ocorrem assim que as primeiras flores de cerejeira (さくら ou simplesmente sakura) começam a desabrochar.


Flor de cerejeira.      
                   
   Isso se dá em meados do mês de março. Realmente esse é um espetáculo que vale apena ser apreciado. Andar por avenidas e parques cheios de cerejeiras e ver essas árvores completamente floridas é de tirar o folego. Esse foi um dos momentos em que me lembrava dos documentários vistos pela televisão sobre o país do Sol nascente.

Alguns pontos de Osaka com as árvores em flor.


     Realmente os japoneses se importam bastante com a natureza, essas árvores são quase sagradas para eles. As flores de cerejeiras são muito apreciadas pela sua beleza e efemeridade. Dizem a que as mulheres japonesas desejam ser como as sakuras: ter uma beleza indescritível e morrer belas. Meio estranho isso, não acham?! O.o
     Assim que as sakuras começam a florir, os parques ficam lotados. Famílias, jovens e idosos levam seus bentôs (お弁当, marmitas japonesas) e muitas bebidas para o evento. Alguns dizem que os japas usam o hanami como desculpa para beber. E eles bebem muito! Vi vários grupos de jovens bebendo e fazendo barulho no parque que existe perto do meu dormitório.

Parque perto do meu dorm cheio de pessoas fazendo hanami!


    Uma coisa interessante sobre o hanami é como os parques estão sempre lotados, é comum que os japas reservem lugares. Você deve estar pensando “como assim reservar lugar?”. Isso é verdade. Eles escolhem seus lugares e demarcam com lonas, placas e outras coisas, para podem assistir tudo do melhor lugar possível. Isso aconteceu até aqui na Universidade. Em alguns lugares podiam ser vistas placas, como a da foto, reservando aquele espaço para um determinado dia. E por incrível que pareça, isso funciona aqui! 

árvore com plaquinha demarcando área para o hanami - Universidade de Osaka


  Infelizmente, como já comentei, esse espetáculo dura pouco. Por isso, em todas as estações de trem e metrô são colocados calendários indicando o processo de floração das árvores. Caso você queira visitar uma cidade específica, basta acompanhar por esse calendário e ir no momento do ápice e ver um dos mais bonitos espetáculos da natureza.
A primavera em Kansai também é acompanhada pela chuva e vento. Mas mesmo com a chuva a primavera não deixa de ser bela, podemos ver muitas flores e pássaros por todos os lados!



Pétalas de sakuras espelhadas pelo chão devido a chuva.


  Também tive meu momento hanami. Eu e alguns brasileiros nos sentamos embaixo de uma linda cerejeira e começamos a comer nossa marmita e conversar. Fizemos nosso hanami a noite. Alguns japas passaram por nos e disseram (na verdade quase gritaram) “Nossa, estrangeiros fazendo hanami! Que legal!”. Começamos a rir compulsivamente...

sexta-feira, 15 de abril de 2011

E assim caminha a humanidade…(?)

Inspirada na queria amiga Betty e nos meus momentos emos, resolvi escrever um post sobre a as relações humanas quando se vive fora do país.
Bem, certo dia, uma amiga que conheci aqui no Japão veio fazer uma visita a Osaka e enquanto conversávamos, ela me disse uma frase que hoje eu entendo completamente. “Aqui no Japão você faz mais amigos por conveniencia do que por afinidade”. Quando ela falou isso me questionei bastante, por que até aquele momento, a vida no Japão não me mostrava ser tão complicada. Eu andava sempre com o grupo de brasileiros e sempre estávamos juntos, o máximo de tempo possível.
 Hoje a situação mudou um pouco, digamos. Alguns desses amigos não se falam e as vezes tenho que escolher com que vou sair pois, nunca podemos sair todos juntos. E confesso que fico um pouco triste com isso, pois eu gostaria que todos pudessem estar juntos de novo!  E isso é mais comum do que se pensa, pois já vi outros casos semelhantes por aqui.
 Eu realmente me questionei o por quê das coisas serem assim. Então me lembrei de outra frase que essa mesma amiga me disse. E parando para pensar faz todo o sentido. Quando você chega a um lugar totalmente desconhecido, a sua tendência e se unir a pessoas que você julga terem algo em comum com você, como a cultura e língua. Por isso, você vê muitos grupos de pessoas de mesma nacionalidades: grupos dos coreanos, grupo dos tailandeses, grupo do brasileiros.... Não digo que não há interação entre grupos, porque existem pessoas que têm fortes laços de amizade e são de culturas completamente diferentes. Entretanto no começo é assim, todos alegres e contentes, mas depois a história muda de figura. As pessoas começam a se fechar e modificar hábitos (ou seria melhor dizer, mostrar realmente como são?) e assim mostram-se as divergências e amizades começam a enfraquecer. Lembro-me, inclusive que a minha amiga disse “talvez se você conhecesse as mesmas pessoas no Brasil, em outra situação, você não seria amigas delas”. Sad, but true. Mas felizmente eu encontrei boas pessoas por aqui e tento preservar a amizade que criei. 
Nesse momento, quando as coisas começam a virar de ponta a cabeça é que as maiores crises existênciais começam. O Japão é um lugar lindo, mas as relações pessoais não são o ponto forte da cultura. A hierarquia é a palavra-chave da sociedade japonesa. No país do –san, -kun e –chan fazer amigos é uma tarefa difícil. Primeiro porque os japas são ressabiados com estrangeiros. Realmente os gaijins (termo em japonês para estrangeiros) não têm um boa fama por aqui. Crianças nos vêem como E.T.s e ouso dizer até alguns adultos também. Basta fazer um teste simples, entre em um trem lotado comece a conversar com outro estrangeiro e repare nas caras dos japas falando de você ou entanto descobrir de onde você veio. Eles são respeitosos, isso nunca pode-se negar, mas as vezes acho que esse respeito beira a impessoalidade.
Quando se fala em trabalho então, ai que as relações são as mais restritas possíveis. Um japonês em ambiente de trabalho não é o mesmo fora do trabalho. Brincadeiras, conversas descontraídas não são comuns quando se está trabalhando.  Conquistar a confiança de um japonês pode ser tão trabalhoso quanto construir uma casa. Porque, sinceramente, você deve passo a passo demonstrar que você realmente quer desenvolver laços de amizade com eles. E as vezes isso pode ser tão complicado que alguns desistem. Isso faz com que você se sinta solitário (digo isso por experiência própria). 
Meu ambiente de trabalho aqui é totalmente diferente do Brasil. É comum eu entrar no laboratório e dizer “Ohayogozaimasu” (bom dia) e depois disso apenas “sayonara” (tchau). As vezes acho que esqueço até da minha voz quando venho trabalhar.
Lembro-me do Brasil, que enquanto um experimento estava acontecendo, fazíamos uma roda e ficávamos conversando porcarias (saudades do Ludo, Betty, Simon, Mi e Aline). O dia assim passava tão rápido e o trabalho era tão prazeroso, que não me importava em gastar minhas noites e finais de semana no laboratório. Já aqui, as vezes me sinto como uma intrusa, apenas ocupando um espaço. Tem dias que nem sinto vontade de vir trabalhar.
   Sei bem que mesmo com a solidão e reclamações, tudo está sendo uma grande experiência. Morar sozinha tem sido bem revelador. É um grande passo que me mostrou quanto as minimas coisas são importantes. Por exemplo, eu nunca me preocupa em fazer compras, lavar roupas, fazer faxina... Agora tenho que conciliar tudo isso com os meus horários loucos no laboratório. Isso é até bem legal, pois sinto liberdade de fazer as coisas do meu jeito, no meu tempo. O crescimento pessoal é maravilhoso, mas a saudade não é uma companheira agradável. Termino esse post como um trecho da musica do Legião Urbana que se encaixa bem nesse pots:

“Mas não, não vá agora, quero honras e promessas, lembranças e histórias...Somos passaro novo longe do ninho...”
                             (Renato Russo)  


E uma previa do proximo post... Ohanami (ato de observar as cerejeiras).