quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Outono

        O outono assim como a primavera, é uma época muito apreciada no Japão. Como falei no post sobre o hanami (observar as cerejeiras), os japoneses gostam muito de contemplar a natureza. E em um país, em que as quatro estações são tão bem definidas, isso é bem fácil.
        Assim que o outono começou, passamos de um calor digno dos estados do Nordeste, a época de chuva e frio. O mais importante é que essa transição não foi tão gradual como eu pensei. Assim que eu voltei do Brasil, já era possível sentir a diferença no clima.
        Tudo começou com as chuvas, o famoso tsuyu (梅雨). Em seguida, em meados de novembro, o frio começou a dar o “ar da graça”. Era hora de abandonar as roupas de verão e reformular o armário, com peças quentinhas.
       Agora, no início em dezembro, já estamos enfrentando temperaturas na faixa de 8 graus a noite e de manhã.   Outro fator interessante da estação, é o curto período de  luminosidade. As sete da manhã começa a ficar claro. Já as cinco da tarde está completamente escuro... Isso me deixa com uma sensação que falta um pedaço do meu dia!!!
      Bem, apesar disso tudo, eu gosto bastante dessa época! Mas voltando ao ponto principal do post, eu gostaria de falar do kouyou (黄葉 ou 紅葉).
      Assim como os japoneses se juntam para ver as cerejeiras, eles o fazem no outono, mas para ver as folhas de momiji (ou maple – árvore que é o símbolo do Canadá). Isso porquê essas árvore adquirem cores magníficas no outono. Suas folhas deixam de ser verdes e vão, gradualmente, adquirindo cores amareladas e vermelhas, até, finalmente, caírem. Milhares de japoneses viajam centenas de quilômetros para ver esse show da natureza. E, realmente, fica muito bonito!

Folhas de maple (momiji) bem vermelhas!


     Assim como acontece na primavera, em alguns pontos da cidade, podem ser vistos “calendários” com as datas e a mudança de coloração das folhas, de maneira que você pode se programar para visitar um determinado local, quando as folhas estão bem vermelhas.
     Aqui, em Kansai, acho que Kyoto é o local mais procurado. Vários templos e pontos da cidade tem muitas momijis, por isso em meados de novembro, a cidade fica bem lotada.
     Ano passado, no meu primeiro Kouyou, fui com um grupo de brasileiros para Kyoto e conhecemos diversos pontos, como o Kinkokuji (金告示 – o templo de ouroe o Kiomizudera (清水寺) outro famoso templo de Kyoto. Além desses locais estarem, extremamente lotados, a paisagem lá era belíssima!

Kyiomizudera (novembro, 2010).

Kinkakuji (Novembro, 2010).


      No entanto, esse ano, fomos visitar outro local. Fomos ao monte Kurama. Ele fica na região norte de Kyoto. O local é bem isolado e para se chegar lá, deve-se utilizar uma linha de trem específica de Kyoto, que parece ser bem pequena. Os vagões dos trens são menores e as linhas aparentam ser bem antigas! No entanto, uma coisa legal dessa companhia, é que eles passam por um corredor de momijis. E no outono, quando o trem se aproxima desse ponto, ele desacelera para os passageiros aproveitarem a paisagem!

Corredor de Momijis, visto de dia.


      Para "variar", pegamos um trem extremamente cheio!  Até para entrar no vagão foi um sufoco! Nesse dia, fiquei bem estressada, pois vi vários japas, praticamente atropelando, idosos para entrar no trem! *raiva*
      Voltando do desabafo, em Kurama existe um templo que recebe o mesmo nome do local (鞍馬寺- Kuramadera). Pagando 200 yens (equivalente a 2 dólares) você tem o direito de entrar no templo. O local era enorme e cheio de escadarias e subidas! Pode-se pegar um teleférico, mas preferimos ir a pé. Resultado, quando chegamos ao topo, estávamos quase mortos! No entanto, a cada ponto da subida, podíamos admirar a bela paisagem. Foi extremamente interessante!

Entrada do templo Kurama.



 Na caminhada, vimos pelas paisagens!


 Nosso grupo!

        Na volta, enfrentamos uma grande fila, para pegar o trem para casa. Ficamos cerca de meia hora, esperando a nossa vez de tomar o trem! No trajeto de volta, passamos pelo mesmo corredor de momijis e dessa vez, ele estava iluminado! As luzes dos vagões foram apagadas e pudemos presenciar toda a beleza das árvores! Eu fiz um pequeno video dessa parte!


       Bem, esse foi o meu Kouyou desse ano! ^^

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Sim, eu tenho homesickness…


   Dizem que o primeiro passo para a cura é admitir o problema… 

   Bem, o tema desse post foi elaborado semana passada, quando tive mais uma das minhas milhares de crises de homesickness. Não sei se todos estão familiarizados com o tema, por isso, vamos a uma definição rápida do que seria homesickness. De acordo com o nosso amigo Google:

   “Homesickness is the distress or impairment caused by an actual or anticipated separation from the specific home environment or attachment objects. The Oxford English Dictionary describes homesickness as a feeling one has when missing home. Feelings of longing are often accompanied by anxiety and depression. These symptoms may range from mild to severe”.

    Resumindo, homesickness é a saudade de casa. E por mais bobo que isso pareça, é mais comum do que se imagina e pode causar alguns problemas. Já vi entre alguns estrangeiros casos de pessoas que não aguentaram e voltaram para casa. Outros enfretaram casos de depressão ou ficaram muito doentes. Bem, eu vou contar um pouco como tem sido para mim...
Eu sempre fui uma pessoa muito ligada a minha família, sempre estávamos juntos em viagens, em casa. Nunca passei mais do que uma semana longe dos meus pais e irmã. Além disso, tinha amigos muito próximos, e sempre que podia, estava ao lado deles. No entanto, como todo jovem, eu queria minha independência, ter o meu espaço. E confesso que pensei várias vezes em morar sozinha.  Esse também foi um dos motivos que me levaram a tentar uma bolsa de estudos fora do país. No começo, as coisas são menos complicadas, pois o entusiasmo de estar em outro país, as coisas novas, que parecem ser maravilhosas, fazem com que você nem sinta “tanta” falta de casa. Conforme o tempo vai passando e as coisas vão virando rotina, a “bendita” homesickness aparece...



Confesso que eu sofri muito nos primeiros meses. Tive crises de choro homéricas. Vontade de largar tudo e pegar o primeiro avião de volta para o Brasil, para o colo da minha mãe. Bobo não é?! Mas quem vive sozinho, principalmente em um país, com cultura e língua totalmente diferentes da sua, sabe o quão difícil isso pode ser. Em alguns momentos, tudo acaba te trazendo tristeza. A falta da família, amigos, a indiferença das pessoas ao seu redor, os problemas do dia a dia... Se você não tomar cuidado, a homesickness vai tomando proporções tão grandes, que podem ser irreversíveis.
Não tenho outras experiências para comparar (em questão de viver em outros países), mas viver no Japão ainda é um pouco mais difícil. Como disse em alguns posts atrás, os japoneses são muito impessoais. Fazer amizade aqui, acaba sendo um pouco complicado (pela barreira da língua e também pelo receio deles a nós, estrangeiros... Não que isso aconteça 100% das vezes, mas, bem, isso é o que tenho observado...) e esse fato acaba contribuindo para que o processo de adaptação seja mais difícil. Até mesmo no ambiente de trabalho, isso pode acontecer. Mesmo sendo o lugar que você vai todo os dias, encontrando as mesmas pessoas, você pode passar anos, sem ao menos saber nada da pessoa que senta ao seu lado. Eu já estou a um ano e dois meses aqui, e não sei nada da vida pessoal dos meus colegas de laboratório.
E como resolver ou evitar a homesickness?! Olha, não existe reposta correta para isso, mas eu, dia após dia, tento lidar com a minha. O que posso dizer é o que tenho feito...
Posso afirmar que quatro coisas me ajudaram a ficar aqui e seguir em frente: minha família, meus amigos, minha fé e força de vontade. 



Quem me conhece, sabe que eu tenho minha fé e convicções, e nesse momento de solidão, o apego a Deus, foi mais do que essencial para seguir em frente e esperar por dias melhores. Depois disso, minha família teve  o papel mais importante. Mesmo sabendo que minha mãe estava sofrendo com minha mudança, em nenhum momento ela me disse para desistir e voltar (por mais que eu saiba, que se eu desse a “louca” de verdade, e  falasse “mãe quero uma passagem agora!” ela pagaria sem pestanejar). Minha família me deu encorajamento e apoio, mesmo a distância. Converso todos os dias com a minha mãe. Quando falo isso, muitos estranham. Mas fazer isso, me faz sentir mais perto deles. As vezes nem precisamos conversar muito, mas apenas vê-los, já me encho de energia e forças!
Quanto aos amigos, graças a Deus, acabei encontrando pessoas muito boas aqui, que me ajudaram e ainda me ajudam. Isso foi fundamental. Consegui conhecer ótimas pessoas no Japão, tanto brasileiros quanto estrangeiros. Querendo ou não, eles acabaram se tornando uma nova família para mim... Saber que tem pessoas em que você pode confiar, pessoas que vão te ajudar, também ajuda a superar o processo de adaptação. Meus amigos do Brasil também me ajudaram. Mesmo com a distância, alguns sempre me escrevem ou falam comigo via skype... Assim, eu me sinto um pouco menos distante de casa.

Amigos que conquistei aqui.

E por último, a força de vontade. Sempre tive desejo de ter minha pós-gradução e lutei muito até chegar aonde estou hoje. Se foi fácil? Muitas vezes não! No entanto, como boa brasileira, eu não desisto fácil!  Esse pensamento também me deu forças. Todo dia acordo e penso o motivo de ter vindo e o que isso pode me proporcionar. Manter o meu objetivo em mente, também me fez superar o desejo de voltar para casa correndo.


Um pedacinho do Brasil no Japão. O Brasileiro não desiste nunca!!!!

E por último, a força de vontade. Sempre tive desejo de ter minha pós-gradução e lutei muito até chegar aonde estou hoje. Se foi fácil? Muitas vezes não! No entanto, como boa brasileira, eu não desisto fácil!  Esse pensamento também me deu forças. Todo dia acordo e penso o motivo de ter vindo e o que isso pode me proporcionar. Manter o meu objetivo em mente, também me fez superar o desejo de voltar para casa correndo.
Bem, como disse no início, admito que tenho problemas e tento lidar com eles todos os dias, vivendo um dia de cada vez. Com choro, sorrisos, reclamações, elogios... Assim vou vivendo, mas tenho certeza que mesmo na tristeza, dias melhores virão....

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Mais curiosidades

   Mudando o visual do blog, pois o Outono está no ar...
 
    Em continuidade ao primeiro post, vou falar um pouco mais sobre as curiosidade desse país nipônico…

1)  Nas ruas, as pessoas andam em um fluxo comum, ou seja, exite uma parte da calçada que as pessoas vem e na outra as pessoas volta, de maneira bem organizada. Você até ser um “rebelde” e andar contra o fluxo, mas isso vai dificultar a sua locomoção. 

2)   Ao subir nas escadas rolantes, as pessoas se situam a direita (em Osaka), deixando a esquerda livre, para as pessoas que estejam com pressa e queiram subir mais rápido. Já em outros locais, como Tóquio, as pessoas ficam, inicialmente, do lado esquerdo, deixando a direita livre.

 Posicionamento das pessoas ao subir em uma escada rolante.

 3)      Aqui as moedas valem tanto quanto as cédulas. Com uma moeda de 500 yens (equivalente a 5 dólares) você pode ter um bom almoço ou jantar. E eles fazem questão de te devolver 1 yen, aqui nunca te darão balinha como troco!

Moedas japonesas. Da esquerda para a direita: moeda de 1, 5, 10 50, 100 e 500 yens.


 4)  Quando você vai fazer compras, na maioria das mercadorias, você observara dois preços. O preço real do objeto e o preço com imposto. Assim, eles sabem bem quanto estão pagando de imposto em cada produto comprado. 

5)    Japonese não tem costume de tomar remédios. Aqui farmácias só vendem remédios com receita médica, e é difícil ver um japonês tomando remédio por qualquer coisa, como nós brasileiros fazemos. Inclusive, os remédios daqui são “fracos” para os brasileiros. Se voce tiver uma dor de cabeça, por exemplo, não confie que um remédio japonês vai te ajudar... Se vier para cá, traga sua própria cota de remédios.  

6)  No Japão não existe uma adaptação da canção “parabéns para você”. Eles cantam em inglês mesmo.

 7)  A maior parte da população japonesa é xintoísta ou budista. No entanto, existem alguns católicos e protestantes. Podem-ser vistas igrejas em alguns lugares. E por isso, eles não tem o Natal como um feriado. Aqui eles trabalham normalmente, como em qualquer dia. Porém, comemorar o Natal é coisa de casal. Geralmente, namorados compram um bolo (?) e passam a noite de Natal juntos. 

 Bolo de Natal. Geralmente, sao bolos recheados de morango, fruta da estação.

8)   Falando em casais.... Como disse no post anterior. Os japas não são chegados a muitas demosntrações de afeto em público. E até na maneira de se tratarem com casal é um pouco diferente. Enquanto nós brasileiros, queremos estar, sempre que possível, ao lado da pessoa amada, aqui não é assim. Conversando com alguns japas, eles me contaram que, aqui é comum, que casais de namorados se vejam uma vez na semana ou até duas vezes no mês! O.o

 9)  A sociedade japonesa ainda é um pouco machista. Mulheres ainda ganham menos que homens, mesmo fazendo o mesmo trabalho e trabalhando a mesma quantidade de horas (principalmente em fábricas). E muitas mulheres deixam de trabalhar após terem filhos. Isso, porque, você é considerada uma mãe e esposa ruim, se você mesma não cuida da casa e dos filhos.

10)  Estética bucal não é uma preocupação dos japoneses. Enquanto é muito fácil você ver jovens e crianças usando aparelhos para correção dos dentes no Brasil, aqui é o contrário. Não sei se um fator que agrava isso, é que aqui os tratamentos dentários são meio caros.... No entanto, eles não se importam com dentes tortos. Acham até bonitinho (?)... Mas confesso que já vi coisas extremamente estranhas, como pessoas bem vestidas, mas com dentes extremamente mal cuidados (na questão de higiene).

11)  Nem só de sushi, sashimi e temaki vive o japonês. Existem outros pratos bem gostosos na culinária japonesa. Os meus preferidos são os katsu (uma espécie de empanado), karaage (frago frito) e kare. Mas a junk food também está penetrando na cultura. McDanalds, Burguer King e outros estão sempre cheios.

 Katsudon. Carne de porco empanada, com ovo e arroz. Muito bom!


12)  O McDonalds tem coisas tipicas daqui. Temos hambúrgueres de camarão, pode ser comprado chá na opção de bebidas do seu lanche. E claro, os brinquedos do McLanche Feliz são bem mais legais! ^^ 







quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Curiosidades

    Estamos em novembro e, graças a Deus, o ano está passando bem rápido. Eu pensei bem sobre o que escrever nesse post. Então de repente, tive a idéia de escrever um pouco sobre algumas curiosidade e fatos exóticos do Japão. Então vamos logo começar a contar um pouco de coisas que vivenciei aqui e achei bem diferentes...



1)      Japoneses não gostam de perfume. Sim, isso é uma verdade. É bem difícil você encontrar algum japa usando um perfume com um cheiro um pouco mais forte, tipo perfume francês. Eles, em sua maioria, preferem não usar nada. Tenho um amigo que diz que eles cheiram a sabão em pó, devido a falta de perfume. Teve até um episódio que meu orientador reclamou comigo, porque eu estava usando um creme com perfume dentro do laboratório.

2)      Os bancos no Japão, fecham às 4 feiras. Não me perguntem o motivo, mas todas as quartas os bancos fecham. As agências aqui não tem portas com detectores de metais e seguranças armados até os dentes.

3)      O estilo de moda entre as mulheres, principalmente, é meio exótico. Elas não se preocupam muito com combinações e se inspiram em muitas coisas ocidentais, mas de uma maneira que nós, geralmente, não usaríamos. Outro problema, se você é uma pessoa pouco mais acima do peso, tem dificuldades de encontrar roupas.

4)      Homens se preocupam com a aparência tanto quanto as mulheres. Aqui eles pintam bastante o cabelo, fazem penteados, sobrancelha e usam muitos acessórios.

5)      As japonesas não se importam em mostrar as pernas (usando micro saias e shorts), mas usar um decote ou uma blusa sem manga deixa elas assustadas. Vários foram os casos de meninas estrangeiras que estavam usando decotes e blusas sem manga e ouviram comentários engraçados, pelo fato de usarem tais peças de vestuário. 

6)      Homens japoneses são extremamente tímidos. Alguns deles têm “medo” de conversar com garotas. Principalmente se você é estrangeira. Conversando com algumas japonesas, elas me disseram que os homens têm dificuldade de falar com mulheres. Por isso, geralmente, são as garotas que se aproximam dos garotos quando elas estão interessadas. Outra coisa, é que garotos tem certos padrões ao escolher uma garota. A maioria deles gostam das garotas “kawai” (cute), que se maquiam até o tampo e agem de maneira "fofa".

7)      O casamento de estilo ocidental, com festa e vestido de noiva, tem se popularizado entre as japonesas. No entanto, as festas são pequenas (quando comparadas as do Brasil), com poucos convidados e em alguns casos, os convidados tem que pagar para ir a festa.

8)      Os casais, geralmente, não se beijam ou se abraçam nas ruas. No entando, se você tiver “sorte” pode presenciar algumas cenas estranhas, como os namorados dando tapinhas ou pegando nas nádegas do companheiro.

9)      Alguns japoneses, principalmente idosos e crianças, tem medo e receio de estrangeiros. É fácil observar olhares assustados e muito curioso de pessoas, quando um grupo de estrangeiros caminha na rua.

10)  Os japonês não gostam de pedir ajuda. Eles sempre acham que estão incomodando ou demonstrando fraqueza por pedir auxílio. Já aconteceu de, várias vezes, eu oferecer acento em trens a senhoras idosas ou ajuda a pessoas em dificuldade e eu recebi um grande “não é necessário”.




11)  Os japonese nascem “grudados” ao celular. A todo momento eles estão mexendo nos aparelhinhos. Caminhando, correndo, andando de bicicleta, dirigindo, no trem, em casa, nas lojas, comendo... Sempre que podem, eles estão com os celulares nas mãos.

12)  Os japas não gostam de falar ao telefone nos trens. Geralmente, se o seu celular tocar e você atender dentro do trem, as pessoas vão te olhar estranho. Principalmente os mais velhos. Podem até reclamar e pedir para você desligar o aparelho. No entanto, no primeiro vagão, é proibido o uso dos aparelhos e se você for visto usando, o maquinista virá chamar a sua atenção e pedir para você desligar o aparelho.

        13) Pirataria aqui é coisa séria. Leva a cadeia mesmo. Eles não costumam fazer download de filmes, livros e músicas,     locais que não sejam licenciados e pagos. Se você usar um torrent para baixar um filme, de maneira ilegal, eles podem te rastrear e prender.

Bem, essas foram algumas coisas que eu achei interessante e resolvi compartilhar com vocês... Se alguém quiser saber mais de algo, é só perguntar. ^^

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

1 ano de Japão... Medos, esperanças e mudanças


Depois de sumir um tempo, estou de volta… Setembro e outubro foram um pouco conturbados… Isso foi devido a minha mudança e logo em seguida, acabei voltando para o Brasil, de férias.

Sim, fiz em outubro, um ano vivendo em terrinhas japas! E o que levo disso tudo? Experiências incontáveis, medos, tristezas, alegrias, crescimento pessoal, amor, saudade... E sei  que pelos próximos dois anos e meio, também viverei muito mais disso... E vamos, que vamos!

    Vou falar um pouco sobre a minha volta ao Brasil. Mas antes, contarei algo engraçado que me aconteceu no dia que fui ao aeroporto. O aeroporto de Kansai, é uma ilha artificial e fica um pouco afastado da cidade. Por isso, para ir ao aeroporto foram necessários vários procedimentos. Primeiro drama: pegar um táxi. Contatei uma empresa de táxi para me buscar no meu ap, pois era impraticável eu caminhar 20 minutos com a quantidade de malas que eu tinha. E para minha surpresa (estou sendo totalmente irônica mesmo) eles não falavam inglês!!!! Isso me tomou uns 5 minutos, para explicar que eu queria um táxi para me levar para a estação de trem mais próxima! Fora que, paguei quase 20 dólares, para andar 5 minutos de carro! O.o
 Depois de pegar o trem, fiz baldeação para a estacão de JR (empresa pública de trem) para pegar outra linha que me levaria até o aeroporto. Eu estava com a Marina. Corremos que nem loucas para chegar ao trem, pois demora mais de 1 hora para se ir de Umeda (aonde ficava a estação da JR) até aeroporto. Deu tempo de pegar o trem, mas entramos no último vagão. Como era hora do rush, o trem estava lotado e ficamos espremidas com minhas milhares de malas!
   Até ai, tudo bem. No entanto, descobrimos, que aquele trem iria se dividir. Uma parte dele ia para o aeroporto e a outra ia para uma cidade chamada Wakayama. E claro, como Murphy me ama, estávamos na parte do trem que ia para Wakayama. O trem era composto por 8 vagões. 1 ao 4 iam para o aeroporto, já do 5 ao 8 para Wakayama (lembram-se que eu disse que estava no último?!). E o que fazer? O trem fica parado apenas, cerca de 2 minutos em cada estação. Era impossível chegar até o vagão 4 com todas as malas, nesse tempo e com a estação cheia.  Para piorar, não podíamos pegar outro trem, pois eu já estava em cima da hora, e o outro trem só passaria depois de 30 minutos!
    Numa missão quase impossível, primeiro tentamos sair  do trem, e a cada estação entrar em um vagão. Fizemos isso duas vezes, mas percebemos que não ia dar certo, porque tínhamos que correr muito e os trens estavam cheios. Isso dificultava ter que ficar entrando e saindo do vagão com as malas! Fora que, nesse pequeno espaço de tempo, quase perdi meu sapato e cai de cara no chão, além de ter quebrado a minha mala (eu estava com uma urucubaca nesse dia)!
    Por fim, decidimos andar por dentro do trem mesmo. Saímos empurrando minhas malas pelos corredores lotados. Usamos as palavrinhas mágicas sumimasen (com licença) e gomenasai (desculpe), fomos passando por milhares de japas. Fomos o centro das atenções: duas estrangeiras, empurrando malas pelo trem (e incomodando os japas) e falando japonês! Quase o fim do mundo! Hauhauaha!
      Assim conseguimos trocar para a parte certa do trem e enfim, chegar ao aeroporto de Kansai.

Aeroporto de Kansai. Embarque da Qatar.

 
   Sobre voltar para casa....
   Voltar para casa sempre traz um sentimento nostálgico. Rever família, amigos, cachorro... Nossa, foi incrível. 
Antes de partir, estava extremamente preocupada, pois tinha medo do que pudesse encontrar quando chegasse em casa. Milhares de pesamentos passam na sua cabeça, tipo “será que meus amigos se esqueceram de mim? Acho que vai estar tudo tão diferente que não vou mais reconhecer nada!”. Pode até parecer besteira, pois apenas passei um ano fora de casa, mas essas perguntas ficavam sempre na minha mente.
   A viagem foi suuuuper tranquila voando pela Qatar (que é bem mais barata e recomendo para quem, algum dia, quiser visitar as terras nipônicas). 

 Aeroporto do Qatar.

Na hora de ir embora do Qatar.


     Depois de quase 24 horas dentro de um avião, cheguei a São Paulo. E lá, já comecei a sentir falta do Japão. As enormes filas e demora de atendimento no aeroporto (típico jeito brasileiro) quase me fizeram perder o vôo para Brasília.
   Cheguei em Brasília, meia hora depois do previsto (atrasos em aeroporto já viram cliché no Brasil também) e a partir daí, foi só alegria.
   Estar com a família e amigos é impagável. Acho que aprendi a dar muito mais valor a minha família depois de morar sozinha. Falo com eles frequentemente pelo skype, mas você sente falta do contato humano. Falta de ir a padaria comprar um pão e as pessoas pararem para conversar com você (mesmo os desconhecidos), daqueles abraços amigos quando se está deprimido, de poder a qualquer momento, convidar seu amigo para sair, seja apenas para comer um pastel ou sentar na frente de casa e ficar olhando o horizonte, de poder ficar rindo e conversando, sem as pessoas ficarem te olhando estranho... O Japão pode te oferecer muitas coisas, mas isso não.
    Em suma, poder viver tudo isso novamente, mesmo que por um curto espaço de tempo, foi maravilhoso. Me deu energias para voltar e continuar em frente...^^
    Sobre as perguntas que estavam na minha cabeça... Percebi nesses dias, que muitas coisas realmente mudaram. Não só a paisagem, como as pessoas. No entanto, me surpreendi, pois muitas pessoas que achava que tinham se “esquecido” de mim, me receberam bem e me fizeram ter momentos maravilhosos.  E outra coisa que percebi, não foi só eles mudaram, mas eu também mudei. E engraçado foi que alguns deles me disseram que tinham medo de como eu estaria também... 


 
Almoço com os amigos!
    Não é fácil “abandonar” as coisas que construiu, as pessoas que você ama e se dirigir numa empreitada, da qual você não sabe o que esperar. Confesso que me questiono se fiz o certo, mas a vida é assim, feita de mudanças e escolhas. Por mais que você queria que certas coisas nunca mudem, elas vão e cabe a você decidir se você se conseguirá crescer ou não com isso. Eu estou buscando o meu crescimento  (como sei que todos estão buscando o seu próprio caminho) e tenho certeza quando isso tudo terminar, mesmo com essas mudanças a amizade será a mesma!

 
Última foto tirada em Brasília.


  Aproveito esse post e agradeço a todos aqueles que alegraram a minha vida enquanto estive no Brasil! Se Deus quiser, ano que vem estarei por ai de novo!

  Para encerar, uma música que eu acho que combina bem com o post: Por enquanto - Cássia Eller



 "Mudaram as estações, nada mudou,
Mas eu sei que alguma coisa aconteceu, tá tudo assim
tão diferente... Se lembra quando a gente, chegou um
dia a acreditar, que tudo era para sempre, sem saber,
que o para sempre acaba..."