terça-feira, 6 de novembro de 2012

Okinawa, o Japão não tão japonês...


       Antes de contar sobre a viagem, vamos ter uma breve introdução sobre a província (afinal, meu blog é um blog que incentiva o conhecimento também).

Mapa do Japão, com Okinawa bem ao Sul.


     Okinawa ( 沖縄) é o conjunto de ilhas mais ao sul, contando com 169 ilhas, que formam o arquipélago de Ryukyu. A capital, Naha, é localizada em uma das maiores ilhas, a ilha de Okinawa.
     Historicamente falando, Okinawa, nos tempos do shogunato, era um reino independente. Por isso sua cultura e algumas de suas características são um pouco diferentes da cultura japonesa em geral. Okinawa passou a ser mais “ligada” o resto do país depois da era Meiji. Lá se fala um dialeto próprio, que é de difícil compreensão por alguns japoneses (para mais informações sobre Okinawa, veja aqui).
      Por essas diferenças, já observei uma certa "divergência" entre  japoneses em geral e as pessoas de Okinawa. Alguns residentes de Okinawa chegam a dizer que não se consideram japoneses e sim Okinawanos (como se ainda Okinawa fosse independente). Já os japoneses daqui dizem que os okinawanos são estranhos, pelo estilo de vida e comportamento. Esse tipo de sentimento não é muito recorrente, mas ainda existe entre algumas pessoas.

      A viagem

       Okinawa para mim sempre foi um sonho. Toda vez que  ouvia falar do Japão, pensava “quero ir a Okinawa”. Essa curiosidade, no começo, surgiu por causa de alguns doramas como “Ruri no Shima” e também por causa do cantor de J-rock, Gackt. No caso do Gackt, ele contava muitas histórias sobre sua infância e como era o local, assim, tive vontade de ver com os meus olhos o lugar que ele descrevia com tanto entusiasmo.   Em Ruri no shima,  eles mostram o cotidiano de uma ilha em Okinawa, com uma vila pequena e pessoas sorridentes e alegres.

Cantor de J-rock, Gackt, tocando shamisen, instumento típico de Okinawa. Novela Ruri no  Shima. Ambos me inspiraram a querer conhecer Okinawa!

       Quando vim ao Japão, pensei que esse desejo de conhecer Okinawa logo seria realizado, mas levei dois anos até ir para lá. Isso porquê a passagem de avião até essas ilhas não é nada barata e segundo, a falta de tempo era um problema. No entanto, graças a uma companhia de baixo custo, Peach, pude realizar esse sonho. Pude pagar menos da metade do preço normal e em um final de semana, fui a Okinawa!
    Fomos apenas para a ilha de Okinawa. Tinhamos algumas informações sobre o local, mas confesso que tudo foi bem diferente do que eu esperava. Eu tinha uma visão totalmente diferente do local. Não me julguem, mas pensava que a cidade seria uma mistura de Japão e Havaí. No entanto, não foi isso que encontrei. E também, associava Okinawa com o litoral brasileiro, em que bastaria eu andar um pouco e encontria uma praia bela e dezenas de pessoas se divertindo na mesma. Doce ilusão...
   Primeiro, como fui no outono (época mais fria – por isso as passagens estavam tão baratas), o local em si não estava tão movimentado. Segundo, Naha em muito me lembrou uma cidade praiana do interior do Nordeste. Tem uma cara de menos “desenvolvida” do que os outras provinciais japonesas.  A primeira vista, nada chama tanta atenção.  Mas ao saírmos para explorar o local, descobrimos coisas bem legais.

Chegada em Naha.

   
   Existem muitas plantações em Naha. Vi muitos canaviais e plantações de dragon fruit. Sim, Okinawa tem cana-de-açúcar, mas de uma variedade diferente da existente no Brasil. A cana de lá é mais fina, menor e menos doce.  
    A dragon friut é produzida por uma espécie de cactos e interiormente lembra um maracujá. No entanto, o gosto não se assemelha em nada.   Outra coisa bem tradicional de Okinawa é a imo (ou batata doce havaiana), uma espécie de batata doce roxa.  Lá eles fazem muitos doces com ela. É bem gostosa.
    Como o clima da ilha é diferente (mais quente que o resto do Japão), muitas frutas podem ser cultivadas lá, como banana, goiaba, maracujá, entre outras.

Imo (batata doce roxa), Kit Kat feito de imo, cana-de-açúcar de Okinawa e dragon fruit.

  Entretanto, Okinawa tem um grande problema: transporte. Existe apenas uma linha de trem por lá, o monorail, que corta apenas o centro de Naha. Para ir para a maioria dos pontos turísticos, você deve usar ônibus ou carro. Como não tenho carteira de motorista internacional, tive que me virar com ônibus. Por isso, essa viagem foi um grande desafio. Ônibus são escassos e demoram a passar (acho que estou acostumada a eficiência do sistema do resto do Japão).
   Vou relatar o meu drama quanto ao transporte. No segundo dia de viagem, resolvemos ir a praia de Odo. Segundo as instruções do guia, pegamos o ônibus para a tal praia. Chegamos no meio do nada, duas horas depois. Estava na hora do almoço e não tinha nenhum lugar para comer. Tivemos que voltar uma parte do caminho até achar um lugar para fazer a refeição. 

Pratos típicos  e bebidas de Okinawa. Bastante carne de porco na alimentação.
   
    Depois disso, fomos informados que a praia de Odo era muito mais longe do que imaginavamos e não era muito boa para banho, apenas para surf e mergulho. Tivemos que pagar um táxi que nos levasse a outra praia, Mibaha beach (que era mais longe que a primeira e ficava no meio no nada também). Aproveitamos a tarde lá. O local é lindo, com água cristalina e uma indescritível paisagem.

Praia de Mibaha.

  Isso me fez entender o motivo da maioria dos pacotes turísticos oferecer o aluguel de carros. Como já ressaltei, infelizmente, tudo é muito longe. Sendo assim, um carro é muito útil para se visitar os locais.
    Tivemos a oportunidade de visitar o castelo de Okinawa também,  Shuri Castle ( しゅりじょう -首里城).  É um lugar lindo! Acho que de todos os castelos que tive a oportunidade de visitar, esse foi o meu favorito.  As cores e estrutura são diferentes dos castelos japoneses comuns, pois Shuri Castle tem muita influência chinesa.

Shuri Castle. Muita influência chinesa presente na decoração.


   Outro ponto turistico bem legal é o Okinawa World. Lá, você encontra um pouco de tudo sobre Okinawa, comidas, animais, plantas, apresentações, artesenato.  Visitei pela primeira vez uma caverna. Foram quase dois quilometros de uma bela construção da natureza.
Okinawa World. Foto da caverna e apresentação de Taiko.
   No Okinawa World tive oportunidade de tomar suco de goiaba, maracujá e suco de Hibiscus! E finalmente, assisti uma apresentação de um grupo de taiko tradicional de Okinawa. Por gostar muito de taiko, sou suspeita, mas a apresentação conseguiu me passar um pouco da alegria e orgulho que o povo de Okinawa sente por sua cultura.


  Foi uma visita muito curta, apenas dois dias, mas que foram capazes de deixar uma grande impressão sobre o lugar. Em suma: em Okinawa encontrei  japoneses sorridente, amistosos, com um estilo de vida menos sério e regrado que os japonês em geral... Isso me fez sentir um pouco como em casa... Por isso, recomendo a qualquer um que viage a Okinawa, é um lugar que vale mesmo a pena conhecer!
  
   
    

5 comentários:

  1. Cool! Vc experimentou a dragon fruit? Eu achei meio sem graça... tipo um kiwi sem ser azedinho!
    Saudades de vc!
    Betty

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  2. Lugar lindo demais, quem tiver oportunidade, visite lá...

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  3. Dragon fruit é muito parecido com uma furta brasileira chamada de saborosa. Ela tem a casca vermelha tipo um rosa choque e por dentro é macia, doce e azedinha lembrando levemente o kiwi mas bem menos ácida. Ela nasce de alguns cactos. Alguém conhece essa fruta?

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  4. Eu também sempre tive vontade de conhecer Okinawa. Acho que vieram muitos "japoneses" de lá para o Brasil.

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