Antes de contar sobre a viagem, vamos ter uma breve introdução sobre a província (afinal, meu blog é um blog que incentiva o conhecimento também).
Mapa do Japão, com Okinawa bem ao Sul. |
Okinawa ( 沖縄県) é o conjunto de ilhas mais ao sul, contando com 169 ilhas, que formam
o arquipélago de Ryukyu. A capital, Naha, é localizada em uma das maiores
ilhas, a ilha de Okinawa.
Historicamente falando, Okinawa, nos tempos do shogunato, era um reino
independente. Por isso sua cultura e algumas de suas características são um
pouco diferentes da cultura japonesa em geral. Okinawa passou a ser mais
“ligada” o resto do país depois da era Meiji. Lá se fala um dialeto próprio,
que é de difícil compreensão por alguns japoneses (para mais informações sobre Okinawa, veja
aqui).
Por essas diferenças, já observei uma certa "divergência" entre japoneses em geral e as pessoas de Okinawa.
Alguns residentes de Okinawa chegam a dizer que não se consideram japoneses e
sim Okinawanos (como se ainda Okinawa fosse independente). Já os japoneses
daqui dizem que os okinawanos são estranhos, pelo estilo de vida e
comportamento. Esse tipo de sentimento não é muito recorrente, mas ainda existe
entre algumas pessoas.
A viagem
Okinawa para mim sempre foi um sonho. Toda vez
que ouvia falar do Japão, pensava “quero
ir a Okinawa”. Essa curiosidade, no começo, surgiu por causa de alguns doramas
como “Ruri no Shima” e também por causa do cantor de J-rock, Gackt. No caso do
Gackt, ele contava muitas histórias sobre sua infância e como era o local,
assim, tive vontade de ver com os meus olhos o lugar que ele descrevia com
tanto entusiasmo. Em Ruri no
shima, eles mostram o cotidiano de uma
ilha em Okinawa, com uma vila pequena e pessoas sorridentes e alegres.
Cantor de J-rock, Gackt, tocando shamisen, instumento típico de Okinawa. Novela Ruri no Shima. Ambos me inspiraram a querer conhecer Okinawa! |
Quando vim ao Japão, pensei que
esse desejo de conhecer Okinawa logo seria realizado, mas levei dois anos até
ir para lá. Isso porquê a passagem de avião até essas ilhas não é nada barata e
segundo, a falta de tempo era um problema. No entanto, graças a uma companhia de baixo custo, Peach, pude realizar esse sonho. Pude pagar menos
da metade do preço normal e em um final de semana, fui a Okinawa!
Fomos apenas para a ilha de Okinawa. Tinhamos algumas informações sobre o
local, mas confesso que tudo foi bem diferente do que eu esperava. Eu tinha uma visão totalmente diferente do local. Não me julguem, mas pensava que a cidade
seria uma mistura de Japão e Havaí. No entanto, não foi isso que encontrei. E também, associava Okinawa com o litoral brasileiro, em que bastaria eu andar um pouco e
encontria uma praia bela e dezenas de pessoas se divertindo na mesma. Doce
ilusão...
Primeiro, como fui no outono (época mais fria – por isso as passagens
estavam tão baratas), o local em si não estava tão movimentado. Segundo, Naha em muito me lembrou uma cidade praiana do interior do Nordeste. Tem uma cara de menos “desenvolvida” do que os outras provinciais japonesas. A primeira vista, nada chama tanta atenção. Mas ao saírmos para explorar o local, descobrimos coisas bem legais.
Chegada em Naha. |
Existem muitas plantações em Naha. Vi muitos canaviais e plantações de
dragon fruit. Sim, Okinawa tem cana-de-açúcar, mas de uma variedade diferente
da existente no Brasil. A cana de lá é mais fina, menor e menos doce.
A dragon friut é produzida por uma espécie de
cactos e interiormente lembra um maracujá. No entanto, o gosto não se
assemelha em nada. Outra coisa bem tradicional de Okinawa é a imo
(ou batata doce havaiana), uma espécie de batata doce roxa. Lá eles fazem muitos doces com ela. É bem
gostosa.
Como o clima da ilha é diferente (mais quente que o resto do Japão), muitas frutas podem ser cultivadas lá, como banana, goiaba, maracujá, entre outras.
Imo (batata doce roxa), Kit Kat feito de imo, cana-de-açúcar de Okinawa e dragon fruit. |
Entretanto, Okinawa tem um grande problema: transporte. Existe apenas
uma linha de trem por lá, o monorail, que corta apenas o centro de Naha. Para
ir para a maioria dos pontos turísticos, você deve usar ônibus ou carro. Como
não tenho carteira de motorista internacional, tive que me virar com ônibus.
Por isso, essa viagem foi um grande desafio. Ônibus são escassos e demoram a passar
(acho que estou acostumada a eficiência do sistema do resto do Japão).
Vou relatar o meu drama quanto ao transporte. No segundo dia de viagem,
resolvemos ir a praia de Odo. Segundo as instruções do guia, pegamos o ônibus
para a tal praia. Chegamos no meio do nada, duas horas depois. Estava na hora do
almoço e não tinha nenhum lugar para comer. Tivemos que voltar uma parte do
caminho até achar um lugar para fazer a refeição.
Pratos típicos e bebidas de Okinawa. Bastante carne de porco na alimentação. |
Depois disso, fomos
informados que a praia de Odo era muito mais longe do que imaginavamos e não
era muito boa para banho, apenas para surf e mergulho. Tivemos que pagar um
táxi que nos levasse a outra praia, Mibaha beach (que era mais longe que a
primeira e ficava no meio no nada também). Aproveitamos a tarde lá. O local é
lindo, com água cristalina e uma indescritível paisagem.
Praia de Mibaha. |
Isso me fez entender o motivo da maioria dos pacotes turísticos oferecer
o aluguel de carros. Como já ressaltei, infelizmente, tudo é muito longe. Sendo assim, um carro
é muito útil para se visitar os locais.
Tivemos a oportunidade de visitar o castelo de Okinawa também, Shuri Castle ( しゅりじょう -首里城). É um lugar lindo! Acho que de
todos os castelos que tive a oportunidade de visitar, esse foi o meu
favorito. As cores e estrutura são
diferentes dos castelos japoneses comuns, pois Shuri Castle tem muita
influência chinesa.
Shuri Castle. Muita influência chinesa presente na decoração. |
Outro ponto turistico bem legal é o Okinawa World. Lá, você encontra um
pouco de tudo sobre Okinawa, comidas, animais, plantas, apresentações,
artesenato. Visitei pela primeira vez
uma caverna. Foram quase dois quilometros de uma bela construção da natureza.
Okinawa World. Foto da caverna e apresentação de Taiko. |
No Okinawa World tive oportunidade de tomar suco de goiaba, maracujá e
suco de Hibiscus! E finalmente, assisti uma apresentação de um grupo de taiko
tradicional de Okinawa. Por gostar muito de taiko, sou suspeita, mas a
apresentação conseguiu me passar um pouco da alegria e orgulho que o povo de
Okinawa sente por sua cultura.
Foi uma visita muito curta, apenas dois dias, mas que foram capazes de
deixar uma grande impressão sobre o lugar. Em suma: em Okinawa encontrei japoneses sorridente, amistosos, com um
estilo de vida menos sério e regrado que os japonês em geral... Isso me fez
sentir um pouco como em casa... Por isso, recomendo a qualquer um que viage a
Okinawa, é um lugar que vale mesmo a pena conhecer!
Cool! Vc experimentou a dragon fruit? Eu achei meio sem graça... tipo um kiwi sem ser azedinho!
ResponderExcluirSaudades de vc!
Betty
Que lindo! Amei!!
ResponderExcluirLugar lindo demais, quem tiver oportunidade, visite lá...
ResponderExcluirDragon fruit é muito parecido com uma furta brasileira chamada de saborosa. Ela tem a casca vermelha tipo um rosa choque e por dentro é macia, doce e azedinha lembrando levemente o kiwi mas bem menos ácida. Ela nasce de alguns cactos. Alguém conhece essa fruta?
ResponderExcluirEu também sempre tive vontade de conhecer Okinawa. Acho que vieram muitos "japoneses" de lá para o Brasil.
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