quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Outono

        O outono assim como a primavera, é uma época muito apreciada no Japão. Como falei no post sobre o hanami (observar as cerejeiras), os japoneses gostam muito de contemplar a natureza. E em um país, em que as quatro estações são tão bem definidas, isso é bem fácil.
        Assim que o outono começou, passamos de um calor digno dos estados do Nordeste, a época de chuva e frio. O mais importante é que essa transição não foi tão gradual como eu pensei. Assim que eu voltei do Brasil, já era possível sentir a diferença no clima.
        Tudo começou com as chuvas, o famoso tsuyu (梅雨). Em seguida, em meados de novembro, o frio começou a dar o “ar da graça”. Era hora de abandonar as roupas de verão e reformular o armário, com peças quentinhas.
       Agora, no início em dezembro, já estamos enfrentando temperaturas na faixa de 8 graus a noite e de manhã.   Outro fator interessante da estação, é o curto período de  luminosidade. As sete da manhã começa a ficar claro. Já as cinco da tarde está completamente escuro... Isso me deixa com uma sensação que falta um pedaço do meu dia!!!
      Bem, apesar disso tudo, eu gosto bastante dessa época! Mas voltando ao ponto principal do post, eu gostaria de falar do kouyou (黄葉 ou 紅葉).
      Assim como os japoneses se juntam para ver as cerejeiras, eles o fazem no outono, mas para ver as folhas de momiji (ou maple – árvore que é o símbolo do Canadá). Isso porquê essas árvore adquirem cores magníficas no outono. Suas folhas deixam de ser verdes e vão, gradualmente, adquirindo cores amareladas e vermelhas, até, finalmente, caírem. Milhares de japoneses viajam centenas de quilômetros para ver esse show da natureza. E, realmente, fica muito bonito!

Folhas de maple (momiji) bem vermelhas!


     Assim como acontece na primavera, em alguns pontos da cidade, podem ser vistos “calendários” com as datas e a mudança de coloração das folhas, de maneira que você pode se programar para visitar um determinado local, quando as folhas estão bem vermelhas.
     Aqui, em Kansai, acho que Kyoto é o local mais procurado. Vários templos e pontos da cidade tem muitas momijis, por isso em meados de novembro, a cidade fica bem lotada.
     Ano passado, no meu primeiro Kouyou, fui com um grupo de brasileiros para Kyoto e conhecemos diversos pontos, como o Kinkokuji (金告示 – o templo de ouroe o Kiomizudera (清水寺) outro famoso templo de Kyoto. Além desses locais estarem, extremamente lotados, a paisagem lá era belíssima!

Kyiomizudera (novembro, 2010).

Kinkakuji (Novembro, 2010).


      No entanto, esse ano, fomos visitar outro local. Fomos ao monte Kurama. Ele fica na região norte de Kyoto. O local é bem isolado e para se chegar lá, deve-se utilizar uma linha de trem específica de Kyoto, que parece ser bem pequena. Os vagões dos trens são menores e as linhas aparentam ser bem antigas! No entanto, uma coisa legal dessa companhia, é que eles passam por um corredor de momijis. E no outono, quando o trem se aproxima desse ponto, ele desacelera para os passageiros aproveitarem a paisagem!

Corredor de Momijis, visto de dia.


      Para "variar", pegamos um trem extremamente cheio!  Até para entrar no vagão foi um sufoco! Nesse dia, fiquei bem estressada, pois vi vários japas, praticamente atropelando, idosos para entrar no trem! *raiva*
      Voltando do desabafo, em Kurama existe um templo que recebe o mesmo nome do local (鞍馬寺- Kuramadera). Pagando 200 yens (equivalente a 2 dólares) você tem o direito de entrar no templo. O local era enorme e cheio de escadarias e subidas! Pode-se pegar um teleférico, mas preferimos ir a pé. Resultado, quando chegamos ao topo, estávamos quase mortos! No entanto, a cada ponto da subida, podíamos admirar a bela paisagem. Foi extremamente interessante!

Entrada do templo Kurama.



 Na caminhada, vimos pelas paisagens!


 Nosso grupo!

        Na volta, enfrentamos uma grande fila, para pegar o trem para casa. Ficamos cerca de meia hora, esperando a nossa vez de tomar o trem! No trajeto de volta, passamos pelo mesmo corredor de momijis e dessa vez, ele estava iluminado! As luzes dos vagões foram apagadas e pudemos presenciar toda a beleza das árvores! Eu fiz um pequeno video dessa parte!


       Bem, esse foi o meu Kouyou desse ano! ^^

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Sim, eu tenho homesickness…


   Dizem que o primeiro passo para a cura é admitir o problema… 

   Bem, o tema desse post foi elaborado semana passada, quando tive mais uma das minhas milhares de crises de homesickness. Não sei se todos estão familiarizados com o tema, por isso, vamos a uma definição rápida do que seria homesickness. De acordo com o nosso amigo Google:

   “Homesickness is the distress or impairment caused by an actual or anticipated separation from the specific home environment or attachment objects. The Oxford English Dictionary describes homesickness as a feeling one has when missing home. Feelings of longing are often accompanied by anxiety and depression. These symptoms may range from mild to severe”.

    Resumindo, homesickness é a saudade de casa. E por mais bobo que isso pareça, é mais comum do que se imagina e pode causar alguns problemas. Já vi entre alguns estrangeiros casos de pessoas que não aguentaram e voltaram para casa. Outros enfretaram casos de depressão ou ficaram muito doentes. Bem, eu vou contar um pouco como tem sido para mim...
Eu sempre fui uma pessoa muito ligada a minha família, sempre estávamos juntos em viagens, em casa. Nunca passei mais do que uma semana longe dos meus pais e irmã. Além disso, tinha amigos muito próximos, e sempre que podia, estava ao lado deles. No entanto, como todo jovem, eu queria minha independência, ter o meu espaço. E confesso que pensei várias vezes em morar sozinha.  Esse também foi um dos motivos que me levaram a tentar uma bolsa de estudos fora do país. No começo, as coisas são menos complicadas, pois o entusiasmo de estar em outro país, as coisas novas, que parecem ser maravilhosas, fazem com que você nem sinta “tanta” falta de casa. Conforme o tempo vai passando e as coisas vão virando rotina, a “bendita” homesickness aparece...



Confesso que eu sofri muito nos primeiros meses. Tive crises de choro homéricas. Vontade de largar tudo e pegar o primeiro avião de volta para o Brasil, para o colo da minha mãe. Bobo não é?! Mas quem vive sozinho, principalmente em um país, com cultura e língua totalmente diferentes da sua, sabe o quão difícil isso pode ser. Em alguns momentos, tudo acaba te trazendo tristeza. A falta da família, amigos, a indiferença das pessoas ao seu redor, os problemas do dia a dia... Se você não tomar cuidado, a homesickness vai tomando proporções tão grandes, que podem ser irreversíveis.
Não tenho outras experiências para comparar (em questão de viver em outros países), mas viver no Japão ainda é um pouco mais difícil. Como disse em alguns posts atrás, os japoneses são muito impessoais. Fazer amizade aqui, acaba sendo um pouco complicado (pela barreira da língua e também pelo receio deles a nós, estrangeiros... Não que isso aconteça 100% das vezes, mas, bem, isso é o que tenho observado...) e esse fato acaba contribuindo para que o processo de adaptação seja mais difícil. Até mesmo no ambiente de trabalho, isso pode acontecer. Mesmo sendo o lugar que você vai todo os dias, encontrando as mesmas pessoas, você pode passar anos, sem ao menos saber nada da pessoa que senta ao seu lado. Eu já estou a um ano e dois meses aqui, e não sei nada da vida pessoal dos meus colegas de laboratório.
E como resolver ou evitar a homesickness?! Olha, não existe reposta correta para isso, mas eu, dia após dia, tento lidar com a minha. O que posso dizer é o que tenho feito...
Posso afirmar que quatro coisas me ajudaram a ficar aqui e seguir em frente: minha família, meus amigos, minha fé e força de vontade. 



Quem me conhece, sabe que eu tenho minha fé e convicções, e nesse momento de solidão, o apego a Deus, foi mais do que essencial para seguir em frente e esperar por dias melhores. Depois disso, minha família teve  o papel mais importante. Mesmo sabendo que minha mãe estava sofrendo com minha mudança, em nenhum momento ela me disse para desistir e voltar (por mais que eu saiba, que se eu desse a “louca” de verdade, e  falasse “mãe quero uma passagem agora!” ela pagaria sem pestanejar). Minha família me deu encorajamento e apoio, mesmo a distância. Converso todos os dias com a minha mãe. Quando falo isso, muitos estranham. Mas fazer isso, me faz sentir mais perto deles. As vezes nem precisamos conversar muito, mas apenas vê-los, já me encho de energia e forças!
Quanto aos amigos, graças a Deus, acabei encontrando pessoas muito boas aqui, que me ajudaram e ainda me ajudam. Isso foi fundamental. Consegui conhecer ótimas pessoas no Japão, tanto brasileiros quanto estrangeiros. Querendo ou não, eles acabaram se tornando uma nova família para mim... Saber que tem pessoas em que você pode confiar, pessoas que vão te ajudar, também ajuda a superar o processo de adaptação. Meus amigos do Brasil também me ajudaram. Mesmo com a distância, alguns sempre me escrevem ou falam comigo via skype... Assim, eu me sinto um pouco menos distante de casa.

Amigos que conquistei aqui.

E por último, a força de vontade. Sempre tive desejo de ter minha pós-gradução e lutei muito até chegar aonde estou hoje. Se foi fácil? Muitas vezes não! No entanto, como boa brasileira, eu não desisto fácil!  Esse pensamento também me deu forças. Todo dia acordo e penso o motivo de ter vindo e o que isso pode me proporcionar. Manter o meu objetivo em mente, também me fez superar o desejo de voltar para casa correndo.


Um pedacinho do Brasil no Japão. O Brasileiro não desiste nunca!!!!

E por último, a força de vontade. Sempre tive desejo de ter minha pós-gradução e lutei muito até chegar aonde estou hoje. Se foi fácil? Muitas vezes não! No entanto, como boa brasileira, eu não desisto fácil!  Esse pensamento também me deu forças. Todo dia acordo e penso o motivo de ter vindo e o que isso pode me proporcionar. Manter o meu objetivo em mente, também me fez superar o desejo de voltar para casa correndo.
Bem, como disse no início, admito que tenho problemas e tento lidar com eles todos os dias, vivendo um dia de cada vez. Com choro, sorrisos, reclamações, elogios... Assim vou vivendo, mas tenho certeza que mesmo na tristeza, dias melhores virão....