quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Transporte


Mais um post falando sobre o cotidiano do Japão. Acho que em alguns post comentei sobre o transporte aqui, mas nunca cheguei a me ater a muitos detalhes... Então vamos lá.
               O transporte aqui é muito bem organizado (ao contrário do Brasil). Aqui, ônibus e trens tem hora marcada para sair. Isso é tão rígido que se, por algum infortunio,  ocorre um atraso, os motoristas/maquinistas são obrigados a pedir desculpas.  Inclusive, existem aplicativos para smartphone que fornecem a hora exata dos trem e ônibus. Antes de vir para cá, era impensável um ônibus ser tão pontual. Em Brasília, já aconteceu de eu ficar uma hora no ponto de ônibus esperando e não aparecer um ônibus se quer para eu ir para casa.
               Bem, aqui vão algumas curiosidades sobre os dois meios de transporte:

    1)  Ônibus

   Em Osaka, você entra pela porta de trás do ônibus e sai pela frente. O pagamento é feito quando você sai, pois em alguns casos, a tarifa do ônibus é dependente da distância que você percorre.  Ao lado do motorista existe uma máquina em que você deve depositar o dinheiro, no momento em que você sai do ônibus. Essa mesma máquina realiza a troca do dinheiro, caso você não tenha a quantia certa, e ainda é equipada com um sensor para cartões (caso deseje, você pode adquirir um cartão pós ou pré-pago que pode ser usado em trens e ônibus).
   Já em Tokyo, o processo é inverso, entra-se pela frente e a saída é no fundo do ônibus. Sendo assim, o pagamento também deve ser feito no momento da entrada.
    Todos os ônibus são equipados com letreiros e telas, que fornecem algumas informações, como a tarifa que deve ser paga (de acordo com o ponto que você subiu e aonde você pretende descer) e o  trajeto que o ônibus vai percorrer.
    As tabelas de horários variam um pouco de acordo com os dias da semana, em que sábados, domingos e feriados, os intervalos entre os ônibus são um pouco maiores. Em dias de semana, por exemplo, o últmo ônibus que circula é 12:08 pm; no sábado passa a ser 11:08 pm e no domingo 10:08 pm.   
   
                       2)  Tranporte ferroviário

No Japão, podemos dizer, que existem quatro  “tipos” de transporte ferroviário: metrô, trem, o trem bala e o monorail. Bem, essa é minha forma de ver e não que seja uma classificação bem realística. Com relação ao trens (densha – でんしゃ電車),  em Osaka temos a JR (Japan Railway – pública) e as companhia privadas como Hankyu, Hanshin e Keihan. Já o metrô (tikatestsu – ちかてつ - 地下鉄) possui várias linhas distintas e companhias responsáveis por elas (na verdade nem sei bem que companhias são responsáveis pelo metrô de Osaka).   Em ambos os meios, você paga a tarifa correspondente ao trecho percorrido também.

Mapa das linhas de trem de Osaka.

O trem bala (shinkansen – 新幹線 - しんかんせん) é uma categoria a parte. Ele também pertece a JR, mas o preço é totalmente diferente.  Ele faz apenas paradas em algumas cidades, geralmente as maiores. Em alguns casos, dependendo de aonde você deseja ir, o preço de uma passagem de shinkasen é quase o preço de uma passagem de avião.
No Japão temos três tipos de trens bala, o Kodama, o Hikari e o Noozomi. Sendo o Kodama o mais “lento” e o Noozomi o mais rápido (não o que o mais lento seja realmente lento, mas o modelo do trem  mais novo é o Noozomi).  Como disse, o preço o ticket é um pouco salgado, mas o conforto e a facilidade são ótimas. Comprando um bilhete, você pode escolher a hora da sua viagem, pois geralmente um trem sai a cada meia hora. E os preços dos tickets também são relativos aos acentos escolhidos. Existe o reservado e o não reservado. Os tickets para acentos reservados são em vagões especiais e custam mais caros, pois o seu lugar é garantido na viagem. Já os não reservados são mais baratos e indicam que você pode se sentar em qualquer lugar. Isso também significa que você também pode fazer a viagem em pé, se todos os acentos estiverem cheios.  


Trem bala - noozomi. Visão de dentro do trem. Bilhete da minha viagem Tokyo-Osaka.

Como nos aviões, existem funcionários que passam vendendo comida. E o mais interessante é que eles vendem comidas de típicas dos trechos que o shinkasen percorre.
O monorail (monotrilho – monoreru – モノレール) é bem comum por aqui. Ele é um trem suspenso, em que o trilho fica situado em plataformas. Ele é um transporte mais limitado, não indo a muitos lugares e também o preço da passagem é mais caro que o dos trens e metrôs.  Se não me engano, estão querendo construir um monotrilho no Rio para a copa de 2014... Vejamos se isso acontece...

Quando se chega a uma estação de trem, existem as máquinas que você deve comprar o seu bilhete. Acima dessas, existe um mapa com os nomes das estações e o valor que deve ser pago para se chegar a estação desejada. O cartão pré ou pós-pago substitui a compra do bilhete.  Nesse caso, a máquina debita automaticamente o valor da passagem do mesmo. No entanto, caso você compre o ticket errado,  existem máquinas em que você pode fazer o ajuste do valor da passagem.


Cartões de trem e ônibus, pré-pago (icoca) e pós-pago (pitapa). Fotos das catracas das estações de trens e metrôs.

 Como comentei algumas vezes, nem todos os mapas das estações tem os nomes das estações em inglês, por isso, as vezes, se você não sabe nada de japonês, a sua vida pode se tornar meio complicada.

Estação de Akihabara em Tokyo. Estação de JR em Osaka, vista de cima. Estação de Minami Senri (perto do meu antigo dormitório)


Já o bilhete de shinkansen pode ser comprado em máquinas em separado ou em pontos específicos das estações de JR.
Quanto ao horários, os trens costumam parar um pouco depois da meia noite e só voltam a andar depois da cinco da manhã. Sendo assim, se você perder o último trem, sua única opção para voltar para casa é pegar um táxi.

3)  Táxi e outros

Táxis no Japão são bastante caros. Não é algo que se pode usar sempre.  Interessante é que aqui, os carros são equipados para abrir e fechar a porta de acordo com o comando do motorista. E outra curiosidade é que você pode pagar o táxi com o cartão de crédito.
Outro meio de transporte bastante usado pelos japas é a bicicleta. No caso dos estudantes estrangeiros, quase  99% possuem bicicletas. É um dos meios mais simples e baratos de se locomover.
Ao comprar uma bicicleta, você deve registrá-la. Esse registro é feito pela loja, mas é ligado a prefeitura em que você reside. Um número de identificação irá ser fixado a sua bicicleta, indicando que ela possui um dono. Em caso de acidentes e roubos, sua bicicleta poderá ser facilmente identificada por esses número.
Muitos policiais, de tempos em tempos, checam esses números em bicicletas nas ruas ou mesmo parando seus motoristas, para averiguar se as bicicletas foram roubadas ou se existe algo de errado com elas. Aqui também é obrigatório o uso de “buzinas” e faróis. E nada de dirigir bicicleta bêbado. Se você beber, deve ir para casa a pé, pois se você for parado por um policial dirigindo a sua magrela bêbado, isso pode te causar problemas.


Minhas experiências.

No começo, tinha muito medo de andar de trem. Devido ao meu péssimo japonês, sempre tive medo de me perder durante as baldeações e ir para em lugares desconhecidos.  Uma vez, isso aconteceu quando estava em Tokyo. Tinha ido a um show de J-rock no Tokyo Dome e estava voltando para meu hotel.  Saí da estação mais próxima e peguei um trem para Asakusa, aonde estávamos hospedados. Nesse trajeto, devia fazer baldeação em uma estação e assim o fiz. Como estava sozinha, quis confirmar com um funcionário da estação que eu estava fazendo o caminho certo. Mostrei a ele um papel em que estava anotado meu trajeto. O senhor me olhou e mandou eu voltar para o trem que eu tinha acabado de sair. Eu me assustei, mas fiz como ele me dissera. Acabei indo parar na estação de Shibuya, uma das maiores estações de Tokyo. Eu me desesperei, pois estava sozinha, sem saber falar quase nada de japonês, numa estação enorme. Para aumentar meu desespero, todas as áreas de informações estavam fechadas devido ao horário (passavam das 9 da noite).  Diante de tudo isso, juntei forças e parei um senhor para pedir informações. Veja bem, eu fiz algo que não é nada comum para um transeunte (fora que aqui há a fama de que as pessoas de Tokyo são chatas e não gostam de ser incomodadas, mesmo quando você quer pedir uma informação)... O que o desespero não faz? O senhor não sabia muito inglês, mas ele foi solidário, saindo de seu caminho para me levar até a plataforma em que eu deveria pegar o trem de volta (que por sinal, era do lado oposto que nós estávamos). No final, eu consegui chegar ao meu hotel!

Bem, como não tenho carteira internacional e nem dinheiro para comprar um carro, eu sou adepta aos ônibus e transportes ferroviários. Não tenho reclamações sobre eles. No Brasil, depender de transporte público é quase um suplício, pois com o nosso péssimo sistema de transporte, estar nos lugares de acordo com seu próprio schedule pode ser quase um desafio. Isso sem contar o transito. Nesse ponto, a eficiência japonesa nos meios de transporte é maravilhosa. Você pode marcar algo sem o risco de se atrasar por causa que o ônibus se atrasou! O único problema é quando chove e você sente falta do seu carro para te levar até a porta da sua casa.
Como relatei, os trens terminam seu funcionamento por volta da meia noite e meia, por isso todos se policiam para não perder o último trem (shuuden - しゅうでん - 終電). Já passei por várias situações, nesses dois anos, em que tive que sair correndo, que nem uma louca, para não perder o último trem e ficar na rua a noite toda. E nesse ponto, não só eu, como vários japoneses se desesperam e saem atropelando todo mundo para entrar no trem. 
Acho que a única exceção a tudo isso é Okinawa. Como comentei no post anterior, Okinawa só possui monorail.  Os ônibus por lá tem tabelas de horários, mas são muito espaçados, de maneira que se você perde o horário, leva-se no mínimo 30 minutos para pegar outro ônibus. Por isso, muitas pessoas optam por “alugar” táxis para andar por Okinawa. Os motoristas são bem compreensíveis e tentam fazer um preço mais “amigo” para os passageiros.

Já tive a experiência de viajar de shinkansen e é maravilhosa. Nessa viagem, eu fui de Tokyo a Osaka (aproximadamente 500km) em duas horas. É quase como andar de avião, mas sem sair do chão. Os vagões são equipados com wifi, tomadas e bancos super espaçosos e confortáveis. 

Acho que pude falar um pouquinho mais sobre um fato do cotidiano japonês. Espero que tenha sido interessante.
  

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Okinawa, o Japão não tão japonês...


       Antes de contar sobre a viagem, vamos ter uma breve introdução sobre a província (afinal, meu blog é um blog que incentiva o conhecimento também).

Mapa do Japão, com Okinawa bem ao Sul.


     Okinawa ( 沖縄) é o conjunto de ilhas mais ao sul, contando com 169 ilhas, que formam o arquipélago de Ryukyu. A capital, Naha, é localizada em uma das maiores ilhas, a ilha de Okinawa.
     Historicamente falando, Okinawa, nos tempos do shogunato, era um reino independente. Por isso sua cultura e algumas de suas características são um pouco diferentes da cultura japonesa em geral. Okinawa passou a ser mais “ligada” o resto do país depois da era Meiji. Lá se fala um dialeto próprio, que é de difícil compreensão por alguns japoneses (para mais informações sobre Okinawa, veja aqui).
      Por essas diferenças, já observei uma certa "divergência" entre  japoneses em geral e as pessoas de Okinawa. Alguns residentes de Okinawa chegam a dizer que não se consideram japoneses e sim Okinawanos (como se ainda Okinawa fosse independente). Já os japoneses daqui dizem que os okinawanos são estranhos, pelo estilo de vida e comportamento. Esse tipo de sentimento não é muito recorrente, mas ainda existe entre algumas pessoas.

      A viagem

       Okinawa para mim sempre foi um sonho. Toda vez que  ouvia falar do Japão, pensava “quero ir a Okinawa”. Essa curiosidade, no começo, surgiu por causa de alguns doramas como “Ruri no Shima” e também por causa do cantor de J-rock, Gackt. No caso do Gackt, ele contava muitas histórias sobre sua infância e como era o local, assim, tive vontade de ver com os meus olhos o lugar que ele descrevia com tanto entusiasmo.   Em Ruri no shima,  eles mostram o cotidiano de uma ilha em Okinawa, com uma vila pequena e pessoas sorridentes e alegres.

Cantor de J-rock, Gackt, tocando shamisen, instumento típico de Okinawa. Novela Ruri no  Shima. Ambos me inspiraram a querer conhecer Okinawa!

       Quando vim ao Japão, pensei que esse desejo de conhecer Okinawa logo seria realizado, mas levei dois anos até ir para lá. Isso porquê a passagem de avião até essas ilhas não é nada barata e segundo, a falta de tempo era um problema. No entanto, graças a uma companhia de baixo custo, Peach, pude realizar esse sonho. Pude pagar menos da metade do preço normal e em um final de semana, fui a Okinawa!
    Fomos apenas para a ilha de Okinawa. Tinhamos algumas informações sobre o local, mas confesso que tudo foi bem diferente do que eu esperava. Eu tinha uma visão totalmente diferente do local. Não me julguem, mas pensava que a cidade seria uma mistura de Japão e Havaí. No entanto, não foi isso que encontrei. E também, associava Okinawa com o litoral brasileiro, em que bastaria eu andar um pouco e encontria uma praia bela e dezenas de pessoas se divertindo na mesma. Doce ilusão...
   Primeiro, como fui no outono (época mais fria – por isso as passagens estavam tão baratas), o local em si não estava tão movimentado. Segundo, Naha em muito me lembrou uma cidade praiana do interior do Nordeste. Tem uma cara de menos “desenvolvida” do que os outras provinciais japonesas.  A primeira vista, nada chama tanta atenção.  Mas ao saírmos para explorar o local, descobrimos coisas bem legais.

Chegada em Naha.

   
   Existem muitas plantações em Naha. Vi muitos canaviais e plantações de dragon fruit. Sim, Okinawa tem cana-de-açúcar, mas de uma variedade diferente da existente no Brasil. A cana de lá é mais fina, menor e menos doce.  
    A dragon friut é produzida por uma espécie de cactos e interiormente lembra um maracujá. No entanto, o gosto não se assemelha em nada.   Outra coisa bem tradicional de Okinawa é a imo (ou batata doce havaiana), uma espécie de batata doce roxa.  Lá eles fazem muitos doces com ela. É bem gostosa.
    Como o clima da ilha é diferente (mais quente que o resto do Japão), muitas frutas podem ser cultivadas lá, como banana, goiaba, maracujá, entre outras.

Imo (batata doce roxa), Kit Kat feito de imo, cana-de-açúcar de Okinawa e dragon fruit.

  Entretanto, Okinawa tem um grande problema: transporte. Existe apenas uma linha de trem por lá, o monorail, que corta apenas o centro de Naha. Para ir para a maioria dos pontos turísticos, você deve usar ônibus ou carro. Como não tenho carteira de motorista internacional, tive que me virar com ônibus. Por isso, essa viagem foi um grande desafio. Ônibus são escassos e demoram a passar (acho que estou acostumada a eficiência do sistema do resto do Japão).
   Vou relatar o meu drama quanto ao transporte. No segundo dia de viagem, resolvemos ir a praia de Odo. Segundo as instruções do guia, pegamos o ônibus para a tal praia. Chegamos no meio do nada, duas horas depois. Estava na hora do almoço e não tinha nenhum lugar para comer. Tivemos que voltar uma parte do caminho até achar um lugar para fazer a refeição. 

Pratos típicos  e bebidas de Okinawa. Bastante carne de porco na alimentação.
   
    Depois disso, fomos informados que a praia de Odo era muito mais longe do que imaginavamos e não era muito boa para banho, apenas para surf e mergulho. Tivemos que pagar um táxi que nos levasse a outra praia, Mibaha beach (que era mais longe que a primeira e ficava no meio no nada também). Aproveitamos a tarde lá. O local é lindo, com água cristalina e uma indescritível paisagem.

Praia de Mibaha.

  Isso me fez entender o motivo da maioria dos pacotes turísticos oferecer o aluguel de carros. Como já ressaltei, infelizmente, tudo é muito longe. Sendo assim, um carro é muito útil para se visitar os locais.
    Tivemos a oportunidade de visitar o castelo de Okinawa também,  Shuri Castle ( しゅりじょう -首里城).  É um lugar lindo! Acho que de todos os castelos que tive a oportunidade de visitar, esse foi o meu favorito.  As cores e estrutura são diferentes dos castelos japoneses comuns, pois Shuri Castle tem muita influência chinesa.

Shuri Castle. Muita influência chinesa presente na decoração.


   Outro ponto turistico bem legal é o Okinawa World. Lá, você encontra um pouco de tudo sobre Okinawa, comidas, animais, plantas, apresentações, artesenato.  Visitei pela primeira vez uma caverna. Foram quase dois quilometros de uma bela construção da natureza.
Okinawa World. Foto da caverna e apresentação de Taiko.
   No Okinawa World tive oportunidade de tomar suco de goiaba, maracujá e suco de Hibiscus! E finalmente, assisti uma apresentação de um grupo de taiko tradicional de Okinawa. Por gostar muito de taiko, sou suspeita, mas a apresentação conseguiu me passar um pouco da alegria e orgulho que o povo de Okinawa sente por sua cultura.


  Foi uma visita muito curta, apenas dois dias, mas que foram capazes de deixar uma grande impressão sobre o lugar. Em suma: em Okinawa encontrei  japoneses sorridente, amistosos, com um estilo de vida menos sério e regrado que os japonês em geral... Isso me fez sentir um pouco como em casa... Por isso, recomendo a qualquer um que viage a Okinawa, é um lugar que vale mesmo a pena conhecer!
  
   
    

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Dois anos… E o tempo voa.


Esse será mais um post reflexivo do que informativo. No dia 4 de outubro se completaram dois anos que vivo em terras nipônicas. Dois anos em que tenho vivido experiências que nunca antes imaginei.


Umas das minha últimas fotos antes de vir ao Japão.


   Como descrevi, quando comecei esse blog, sempre tive vontade de conhecer o Japão por admirar a cultura e a forma de vida do povo japonês. Assim, quando a oportunidade da bolsa surgiu, vi nesta, além da possibilidade de crescer profissionalmente, a possibilidade de realizar um sonho.


Conhecendo um pouco da história do Japão. Nijo Castle - Kyoto.

   Cheguei aqui com muitos sonhos, esperanças e medos. E depois desses 24 meses, muita coisa mudou. Conheci pessoas que marcaram minha vida. Vivi situações que me deixaram tristes e outras que me deixaram alegres, mas no entanto, sou grata a Deus por ter me dado a oportunidade de viver tudo isso.
   Confesso que quando pisei no Japão, pensei que sabia um pouco sobre tudo, mas aprendi que o Japão é muito mais que me bandas de rock, muito mais do que gueishas e samurais, muito mais do que animes e video-games. Aprendi que nenhum lugar é perfeito e que mesmo com problemas, o Brasil é um lugar maravilhoso.


Torre de Tokyo. Me lembra Sakura Card Captors!


  E para aqueles que pensam que eu estou reclamando do país, não é verdade. Eu gosto muito daqui, do ambiente, da segurança, das facilidades. No entanto, sinto que por mais que eu viva aqui a minha vida toda, esse nunca será o meu lugar, pois meu coração é completamente tupiniquim!
  Apesar da dorzinha da saudade, aprendi a ser gente grande. Cuidar de mim mesma, administrar minha vida. Aprendi que devo ver a vida com outros olhos, ter a mente mais aberta para novas experiências.


Vivendo a experiência de vestir um yukata.

  Outra coisa que percebi, com a minha mudança foi o verdadeiro valor da amizade. Mesmo a distância não foi suficiente para me afastar das pessoas que realmente se importam comigo. Mas também ela serviu para mostrar quem nem todos que eu julgava serem amigos, na verdade eram.
Amigos que deixei no Brasil, mas sempre levo comigo.

Amigos que conquistei aqui!



  Sobre amizades, uma coisa que me entristece um pouco é não ter tanta oportunidade de fazer amigos japoneses. Sim, nesses dois anos, posso dizer que tenho apenas dois amigos japoneses. Às vezes me pergunto o motivo disso: seria a minha falta de conhecimento da língua? Ou minha própria inabilidade de me relacionar com as pessoas? No entanto, conheci muitos estrangeiros que demonstraram o mesmo problema... Vai saber... Mas mesmo assim, tenho como missão fazer mais e mais amigos, seja eles japoneses ou estrangeiros! ^^


Amigos brasileiros e estrangeiros!

     Acabei por me imergir bastante no modo de vida japonês também. Passei a beber chá verde (algo que eu nunca gostei), comer feijão doce (azuki) e comer comida com menos tempero. Não só os hábitos alimentares mudaram, mas me acostumei a tirar os sapatos sempre que entrar em casas ou certos recintos; me curvar na hora de cumprimentar as pessoas; responder “hai” e fazer sons para manter uma linha de comunicação (hábito característico de japoneses). Virei adepta das tecnologias, passei a a apreciar o tempo e o ambiente. Valorizar as pequenas coisas da vida e fazer delas grandes recordações...





   Bem, acho que chega de filosofia, né?! Novamente, quero agradecer a todos que acompanham esse blog e me inspiram a continuar. Mais uma vez, obrigada! ^^

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Ser estranho pode ser normal


     O que seria considerado estranho? Como dizem “tudo depende do referencial”. Para nós, brasileiros, com nossos costumes e tradições, a forma de classificar o que seria estranho é bem diferente de outros lugares. Temos, em geral, a tendência de comparar tudo e todos com aquilo que conhecemos e temos familiaridade. Diante disso, esse post será sobre o que uma brasileira acha estranho em terras nipônicas.

1)     Vestuário

     - As mulheres se vestem todas de maneira bem parecida. Elas gostam de shorts curtos, saias longas, xadrez, frufus (rendas e laços) e floral. O estilo hippie também faz bastante sucesso. E em alguns casos, elas combinam esses gostos das maneiras mais estranhas possível. Um amigo costuma falar que a maioria das garotas se vestem como velhas... Por aí vocês podem ter uma idéia do que eu estou dizendo. 


Alguns estilos que podem ser visto pelas ruas.


         - As cores das roupas são em sua maioria neutras. Japoneses não gostam de cores fortes. Principalmente os mais idosos. Vermelho é pouquíssimo usado por aqui (triste, pois adoro vermelho)!

        - As mulheres sempre saem de salto alto. Acho que para compensar a baixa estatura. E deixa eu dizer que os saltos aqui são bem altos mesmo... Eu mesma não conseguiria dar dois passos nos sapatos que elas usam.


Alguns estilos de sapatos encontrados no Japão.


        Confesso também que tenho me adaptado ao vestuário aqui. Não que eu faça essas combinações estranhas, mas é difícil não “entrar” nessa moda morando por aqui! Alguns amigos chegaram até a enfatizar que estou “parecendo” japonesa nesse quesito!



2)  Comportamento 

       - Como disse em alguns post, japoneses são bastante formais. A sociedade tem regras bastante rígidas sobre hierarquia. Discutir com seu superior, JAMAIS. Isso chega a ser tão forte, que bullying dos chefes aos seus subordinados é algo comum e aceitável. Falar sobre o bullying é algo complicado.  Como disse, a prática é comum, mas tem sido combatida. Porém, conheço inúmeros casos de pessoas que sofreram e sofrem bullying em ambientes de trabalho e escolas. Triste, mas alguns japoneses dizem que essa é a forma que eles usam para “estimular” uns aos outros.

      - As garotas, em sua maioria, procuram ser delicadas e fofas. Muitas delas fazem até vozes “fofinhas” para ajudar na caracterização. Claro que há aquelas que não seguem essa regra, mas muitas delas encarnam o papel de moças indefesas.


Garotas fazendo poses e caras de fofas!


      - Existe uma grande dificuldade entre pessoas de sexo diferente em fazer amizades. Pesquisas recentes mostram isso também. É muito comum você observar grupo de meninos e de meninas, mas grupos misto são mais difíceis de serem vistos.  E como comentei uma vez, os homens são muito tímidos, por isso, as mulheres tendem a tomar a iniciativa quando estão interessadas por um garoto. Falando sobre isso, já ouvi bastante histórias sobre relacionamentos no Japão. Uma engraçada é que leva-se até três meses para que um relacionamento seja inciado. Beijos, pegar na mão, só depois de meses de encontros! Isso na visão ocidental é quase uma vida! Huahauaha! E nada de ser pegajosa! Garotos aqui não curtem meninas que ficam mandando mensagens, ligando incessantemente. Seja comedida e controlada ou será completamente ignorada!

     - Japoneses adoram fazer encontros para beber! Os chamados nomikais (飲み会のみかい -literalmente reunião para beber) são os momentos em que os nipônicos se soltam e se divertem de verdade. E na minha opinião, muitos deles não sabem beber. Em finais de semana, sempre é possível observar homens e mulheres jogados pelas ruas e trens, totalmente bêbados. No dia do meu aniversário, por exemplo, fui a um restaurante com amigos em um famoso bairro perto da minha casa. Lá existe uma Universidade e vários restaurantes e bares. Eram nove horas e a rua estava cheia de garotos deitados na calçada, totalmente bêbados (alguns perderam até os sapatos).   
       
Rapaz bêbado, jogado no trem!




1)      Aparência

      - Tendenciosamente, muitas pessoas pensam que alguns japoneses são ou todos iguais ou extravagantes, com cabelos coloridos. Na verdade, a maioria das pessoas são bem “comuns”.   Algo bem engraçado é que não são os jovens que aderem mais aos cabelos coloridos, mas sim os idosos. É fácil notar senhoras com cabelo azul, rosa, roxo... Uma explicação para isso seria que os mais idosos tendem a se importar menos com a pressão da sociedade e a “necessidade” de uma imagem mais formal. Alguns jovens mais “radicais” também pintam seus cabelos de cores mais fortes, mas isso é menos comum, visto que se você deseja ter um emprego melhor, você deve ser mais comedido nas suas escolhas com sua aparência.    Acho que já comentei em alguns post atrás, mas quase todos os japoneses pintam o cabelo de castanho (essa é a cor “aceitável”). A cor preta, característica dos cabelos japoneses não é algo tão na moda.   

      - Homens são bastante vaidosos. Gostam de fazer a sobrancelha e penteados bem diferentes. Muitos garotos usam bolsas também. Claro que nada como as bolsas femininas, mas é bastante comum você observar um rapaz com uma bolsa da Tommy (marca preferida pelos garotos).

    - Japonesas tem um SÉRIO problema com maquiagens. Tá, nem todas. Algumas delas sabem fazer o processo direito e ficam bem bonitas. Já outras... É muito fácil ver uma menina com tanto blush que, no Brasil, perguntariamos se ela está indo a uma festa junina (elas usam a maquiagem para fazer uma bola rosada em cada maçã do rosto).

     - Muitas garotas também não estão satisfeitas com a falta de “dobrinhas” nas pálpebras e cílios longos. Os olhos japonês não possem aquele  “dobrinha”da pálpebra móvel. Isso faz com que quando a sombra é usada, ela não fica tão destacada. Devido a isso, muitas japas optam por fazer cirurgias. Mas caso a garota não queira entrar na faca, existem fitas adesivas que podem ser coladas a pálpebra e fazem o efeito da “dobrinha”. Com relação aos cílios, elas gostam mais dos enormes e estranhos!   Em qualquer loja de 1,99 podem ser encontrados os mais variados e estranhos cílios.


Adesivos para fazer dobrinhas nas pálpebras.


Um dos cílios que podem ser comprados por aqui.


   - Art nail é comum. Em cada esquina existe uma local em que as garotas podem fazer as unhas. Elas adoram brilhos e “coisas” penduradas. Algumas colocam até uma espécie de jóias, que ficam penduradas nas unhas.

Unhas cheias de coisas, art nail comum por aqui.

   
     Para encerar esse post, vou comentar sobre um artigo que vi sobre uma nova “moda” no Japão. Seria a moda da rosquinha (para saber mais, veja aqui), em que pessoas estão injetando soro na testa para ficar com uma rosquinha no meio rosto. Isso é totalmente estranho, mas é o Japão. Acho que em um país em que sempre as pessoas tentaram ser similares, alguns tentam se diferenciar e fazer algo diferente, que em muito casos, é visto como estranheza pela sociedade. Isso ocorre ainda mais para nós, estrangeiros, que temos uma cultura totalmente diferente. Por isso, esse é um país em que podem acontecer as coisas mais bizarras e isso ser encarado como normal. Viver no Japão pode proporcionar experiências legais, mudando seu modo de ver as coisas.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

It`s time to have fun!!!!


 Esse post será bem divertido... Será falando sobre minhas experiências em três famosos parques do Japão: Universal Studios, Disney e Fuji-Q. Vou fazer uma visão geral sobre cada parque e falar de alguns pontos positivos e negativos dos mesmos.


Universal Studios Japan (USJ)
 
   Esse parque fica localizado aqui em Osaka e por isso, foi um dos que mais visitei até hoje. Cheguei a ir no total de sete vezes. Ele é uma cópia do mesmo parque que existe nos Estados Unidos. É uma mistura de parque temático e parque de diversões. Conta com simuladores, uma montanha russa, espetáculos, cinemas. É um ótimo local com muita coisa para se ver e fazer.


USJ. Vista da árvore de Natal e da Hollywood Dream, a montanha-russa do parque.


Teatro de Water World e o cinema do Elmo!


  Pontos positivos: ótimos brinquedos como o simulador do homem-aranha, space fantasy (uma espécie de montanha-russa indoor) e Jurassic Park. O parque conta com espetáculos sazonais, que fazem o mesmo ficar bem interessante em certas épocas do ano. No Natal, por exemplo, eles montam uma enorme árvore de natal e fazem um espetáculo com queima de fogos. No Halloween, ocorre um desfile com zumbis.

  Pontos negativos: o bilhete do parque é bastante caro. Custa cerca de seis mil yens (60 doláres) e uma vez que você entra no parque, você não pode mais sair. Ou seja, você é obrigado a fazer as suas refeições dentro do parque (que tem restaurantes não muito baratos).  Algumas atrações são bem velhas, como o exterminador do futuro. A montanha-russa não é muito radical (isso para mim é um ponto negativo).  Existe  um passe para não se enfrentar a fila dos brinquedos, mas ele é pago e mais caro.
 
  Apesar desses pontos negativos, gosto bastante do parque e sem contar que a USJ tem passado por algumas reformas e novas atrações tem sido instaladas, como uma área para crianças pequenas e em 2014 será inaugurada uma vila de Harry Potter.



   Disney

     O mais clássico parque de todos. Aqui no Japão contamos com a Disneyland e a Disney Sea. Ambas situadas em Tóquio. Apesar do nome, a Disney Sea não tem muita coisa do mar não. A diferença é que na Sea os brinquedos são um pouco mais “radicais”. Enquanto a Disney Land é mais temático. Por isso, se você deseja ver o Mickey, entrar no castelo da Cinderela, ver coisas relacionadas aos clássicos, vá a Disneyland. A Disney Sea é mais direcionada para as coisas do Alladin, pequena sereia e outros. Eu tive apenas a oportunidade de ir a Disneyland, por isso vou resslatar os pontos dele.


Algumas atrações da Disney. A montanha-russa nem era tão legal...

Castelo da Cinderela e a entrada da Disney!


    Pontos positivos: É o sonho de toda criança em visitar. Estar lá é estar de volta a infância. O bilhete de entrada é barato e te dá acesso a tudo dentro do parque. Ele custa cerca de 40 dólares. As coisas lá não são tão caras, no quesito comida e lembrancinhas. O parque é amplo e com várias atrações, sendo um dia pouco para ver tudo. Há um “fast pass” que é de de graça e te permite ir em várias atrações sem precisar ficar na fila.

   Pontos negativos: O parque é sempre cheio, por isso as fila são enormes. Por isso, o fast pass é mais do que necessário se você quer ir aos brinquedos. E como disse, ele é um parque temático, por isso não havia nenhum brinquedo radical ou mais interessante para se ir.


   

  Fuji-Q

   Localizado próximo ao Monte Fuji, o Fuji-Q é, na minha opinião, o melhor parque de diversões do Japão. Além da bela paisagem, ele conta com quatro montanhas-russas radicais. Todas com recordes mundiais. O parque é grande e tem diversificadas atrações. Quem gosta de adrenalina (como é o meu caso) esse é o lugar.

  Pontos positivos:  Ticket barato, cerca de 40 dólares. Você pode entrar e sair do parque na hora que quiser. Muitas opções de restaurante. Existe até uma onsen e um spa se você quiser descansar após um longo dia de diversão. Como disse, tem as melhores montanhas russas do Japão. Elas são: Takabisha (recorde mundial como a montanha-russa mais angulosa, com 121 graus), Ejyanaika (montanha-russa com acento giratório), Dodonpa (montanha-russa ultra-rápida, em que se alcança mais de 140km em menos de dois segundos), Fujiyama (uma das mais altas montanha-russa do mundo – 79 m de altura). Isso sem falar de uma das melhores casas fantamas do Japão.

Takabisha e sua volta de 121 graus!

Ejyanaika. A melhor montanha-russa!

Fujiyama!
Casa fantasma!


  Pontos negativos: Sempre filas enormes. Por isso ir cedo sempre é uma boa opção. Não há um “fast pass” grátis. Você paga 10 dólares a mais (por brinquedo) se você não quiser enfrentar filas. A casa fantasma é paga a parte também. Mesmo tendo o free pass, você tem que pagar mais 5 dólares se quiser ir nessa atração. 

  Bem, tirando a USJ, que é perto da minha casa, os parques ficam bem longe de Osaka. Por isso, no momento que fui para Disney e Fuji-Q, optei por um grupo de excursão. Em ambos os casos, sai de Osaka a noite e fui de ônibus noturno até o meu destino.
   Esses pacotes cobrem passagem de ônibus (ida e volta) e o ticket do parque. No caso da Disney, peguei um pacote que cobria a diária de um hotel e mesmo assim, o valor final não foi nada caro!
   O único problema disso tudo é que sempre você volta acabado dessas viagens. Isso porquê os ônibus não são nada confortáveis, mas pelo preço que você paga, não há muito o que exigir.
   Enfim, acho que com as fotos e esse post posso passar um pouco da minhas experiências “radicais” aqui. Claro que ainda existem outros parque bem legais por aqui que AINDA não tive a oportunidade de visitar, mas pretendo remediar isso brevemente! Huahauhauaha