segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Facilidades e dificuldades em se viver no Japão

    Esses dias estive conversando com algumas pessoas e alguns dos tópicos mencionados nesses conversas foram as facilidades e as complicações de se morar no Japão. Diante disso, decidi falar um pouco sobre isso no post desse mês.


1)  Animais de estimação.

      - No Japão, pelo fato de ser uma ilha e a falta de espaço ser um fator determinante, os animais, em geral, são controlados. Quem é biólogo ou estudou algo do gênero, sabe que em caso de ilhas, espécies “invasoras” podem se tornar uma praga em ilhas.  Diante disso, todos os animais devem ser registrados. Quando você compra um bicho de estimação, como um cachorro ou gato, você recebe um certificado de responsabilidade e em muitos casos, o animal vem com um chip implantado. Esse chip contem informações do animal e do dono, para em caso de perda do bicho, ele possa ser devolvido. Recomenda-se também, que o dono pague um seguro anual para o bicho.  Caso o animal morda, machuque ou cause problemas a terceiros, esse seguro cobrirá os danos.  

     - Como o espaço para criar cachorros é limitado, a maioria das pessoas prefere cachorros de pequeno porte. E os donos sempre saem com seus bichinhos para passear. Nesse momento, se o animal faz suas necessidades, o dono é obrigado a recolher a “sujeira” do cachorro e jogá-la no lixo. Donos que não cumprem a lei, podem ser multados. Assim, os donos dos bichinhos sempre carregam com sigo sacolas. Muitos até levam um “kit” para limpar o cachorro depois do passeio terminado.

      - Aqui, também não se pode observar cachorros abandonados. Isso, pois a carrocinha recolhe e sacrifica todos os animais sem dono.

  - Outro ponto é que poucos pássaros são vistos por aqui. Tirando os corvos, claro. Esses pássaros são considerados sagrados, por isso, em todos os locais existem vários corvos.




2)   Carros e trânsito

    -  Como já disse algumas vezes, o sistema de transporte no Japão é bem eficiente. Temos trens, metrô, ônibus, monorail... Viver sem um carro não é algo impossível por aqui.  Mas para aqueles que preferem um veículo, seja ele carro ou moto, tem que se preparar para várias regras, burocracias e taxas.  A idade mínima para se dirigir aqui é 18 anos, assim como no Brasil. E também, assim que você passa nos exames, teóricos e práticos, você ficará com uma carteira provisória, por um ano. E caso você cometa alguma infração, não poderá pegar a carteira definitiva.  Se você é um bom motorista, terá privilégios também. A cada 10 anos, se você não cometer nenhuma infração, você receberá um carteira de motorista da classe ouro. Isso lhe dará direito a não pagar multas leves.

    -  Quando você comete alguma infração, o policial irá parar o seu carro e pedir que você entre na viatura. Lá, ele falará sobre a sua infração e conversará com você sobre como agir corretamente no transito. Essa conversa pode ser rápida, ou até demorar vários minutos. Tudo depende da infração.

    -  Assim que você tira a carteira e começa a dirigir, você deve, também, fixar um adesivo em seu carro. Ele serve para alertar os motoristas que você é inexperiente no trânsito. Idoso e pessoas com crianças pequenas também devem fazer uso desses adesivos. Cores e formatos diferentes são usados em cada categoria.

Adesivos que devem ser colados nos carros. O verde e amarelo é para os novos motoristas, já o amarelo e laranja é usado para os motoristas idosos.
      - Outra coisa categorizada é a potencia do carros. Um carro que  é compacto e o motor é de baixa potência, se não me engano, o nosso 1.0, recebe uma placa amarela. Esses carros são mais baratos - os chamados carros populares – e menores. Já os carros mais potentes recebem uma placa branca. São mais caros e maiores.



Carros de diferentes placas, branca e amarela.


   - Com relação a taxas: sempre que se compra um carro, além dos impostos, você deve pagar pela área de estacionamento. Sim, se você tem uma casa, mas não tem garagem, para estacionar na rua, você deve pagar. Essas taxas são bem salgadas, pois como já ressaltei, espaço é algo caro por aqui. Por isso, a maioria dos estacionamentos é privada e o estacionamento cobrado por hora ou diária.

     - Em muitos lugares, quando o semáforo abre para os pedestres, também abre para carros. Nesse caso, o motorista deve dar a preferência ao pedestre. Isso funciona na maioria das vezes, mas em alguns momentos, parece que você vai ser atropelado. 

         - As rodovias, em sua maioria, são privatizadas. Assim, todas são bem conservadas e deve-se pagar pedágio para poder circular pelas mesmas. Em vários pontos, existem telefones públicos a beira da estrada, para caso haja algum problema, você possa se comunicar rapidamente. Se ocorrem acidentes, existem placas eletrônicas que informam o evento, além de dizer se há ou não congestionamento, e quantos quilômetros de congestionamento o motorista enfrentará. 



Rodovias japonesas. Placas com todas as informações.


           - A faixa da direita (visto que aqui a mão é inglesa) é apenas para ultrapassagem. Se você for pego andando na faixa da direita de maneira constante, você pode ser multado. 



3) Dinheiro

       -  No Japão, a moeda é o iene ( En – えん - 円).  Notas e moedas tem igual importância por aqui. No Brasil, muitas vezes, deixamos a moedinhas de lado, mas aqui, posso até dizer que elas são mais usadas que as cédulas. Temos moedas de 1,5,10, 100 e 500 ienes. Quanto as cédulas, temos a de 1000, 2000 (rara, mais usada em Okinawa), 5000 e 10000 ienes. Lembrando que a cotação seria de 1000 ienes = 10 dólares.


Moedas e notas.


     -  Quando se compra algo, até o último iene é importante. Nas lojas de 1,99 daqui (conhecidas como 100 iene shopping – hiyaku en shopu – ひゃくえんしょっぷ -百円ショップ) se seu troco for 1 iene, o caixa te dará o 1 iene. Nada de balinhas ou ficar devendo para a próxima. Da mesma maneira, se faltar 1 iene, você não poderá comprar o produto.

     -  Embora o cartão de crédito seja usado com frequência, algumas lojas não aceitam o mesmo, preferindo que você pague a vista.  E o sistema de débito automático não existe por aqui (pelo menos, eu nunca vi algo parecido).

     -  Mesmo que não se tenha o débito autômatico, alguns bancos fornecem um chip ao cliente, que deve ser colocado no celular e que funciona como um cartão de crédito. Em supermercados e lojas, existem máquinas especiais que lêem esse chip e autorizam a compra ao encostar o celular na leitora.

        - Quando você quer saber o histórico da sua conta, a maquina não libera aquela imensa lista com toda a sua movimentação bancária. Para isso, existe uma caderneta. Quando você abre a conta em um banco, você recebe a mesma e pode usá-la da mesma maneira que usaria o cartão para saque. 



Caderneta, usada para saques e extrato.


        -  Os japoneses não tem o hábito de pexinxar nas compras. O preço pedido, é o preço que deve ser pago. Nunca vi alguém tentando barganhar preços por aqui.

       -  Os 10% dos garçons não são cobrados e não existe a chamada “gorjeta”. Se você tentar dar algum dinheiro a mais para um garçom ou taxista, devido a um bom serviço, eles irão se recusar a receber, dizendo que você está dando dinheiro demais.

     - Quando você paga algo, o caixa da loja tem o costume de contar o troco na sua frente. Principalmente se você entrega notas de alto valor, como 5000 e 10000 ienes. Eles contam até duas vezes, ante de te entregar o dinheiro, para garantir que você não tenha o direito de reclamar que recebeu troco errado.



  4) Celulares 

         - Todos o japoneses tem celulares. Atualmente, existem várias companhias de telefonia celular, mas as mais famosas são a Softbank, Docomo e Au.

          - Aqui, não existe sistema de desbloqueio de celular. Isso significa que se você comprar um celular da Au, só poderá usar nele o SIM da Au. Desbloqueio é crime.


Alguns modelos de celulares japoneses.


           -  Não se pode passar um sms para pessoas de operadoras diferentes. Se você é cliente da Au, você não pode enviar mensagens para alguém da Docomo e virse-versa. Por isso, todos os celulares japoneses tem um email vinculado ao número de telefone, assim você pode enviar emails para as pessoas de outras operadoras. No entanto, com a presença de app como LINE (que é a versão japonesa do Viber e Whatsapp), as pessoas tem usado menos o email e se comunicado mais usando esses aplicativos.


    5)   Produtos originais e livros.

          - Japoneses não comprar nada falsificado ou imitações. Em geral, japoneses não fazem downloads de filme na internet. Não só filmes, como músicas, roupas e acessórios. Eles são bem rígidos com isso . Por exemplo, se você quer comprar um CD, mas não sabe se vale a pena, existem lojas, como a Tsutaya, em que você pode alugar o CD. Assim, você escuta e decide se deve comprar ou não. Locadoras de filmes também são bem comuns devido a esse fator.


Tsutaya, uma das maiores redes para alugueis de CDs e DVDs.


        - Se você quer comprar algo original, mas não tem tanto dinheiro, você pode optar pelas lojas de segunda mão. Nelas, vários produtos (roupas, sapatos, jóias, CDs, DVDs, livros, etc.) podem ser comprados por menos da metade do preço. Como os japoneses, em geral, são bem cuidadosos, a maioria das coisas vendidas parece nova. No entanto, se o produto tiver algum defeito, ele será informado na etiqueta. Também, geralmente, se informa o tempo de uso do produto.   


Book off, uma das lojas mais famosas para comprar CDs, livros, mangas e DVDs usados.



         - Devido a esse atitude do povo japonês, aqui foi um dos poucos lugares do mundo em que a regra de proibição dos downloads vigora. Não se podem fazer downloads de nada que você não tenha pago. Caso alguém faça, este pode ser detido, com pena de pagamento de multa até prisão.

      - Os japoneses cultivam bem o habito de leitura.  Livrarias são sempre cheias e os livros japoneses são até bem baratos. Em trens, aviões, sempre é possível ver muitas pessoas lendo. No entanto, ebooks não são tão difundidos. As pessoas ainda preferem os livros “reais” embora o Ipad seja bastante vendido por aqui.