Já fiz alguns posts falando sobre o hanami (はなみ- 花見), mas nesse vou falar um pouco da minha experiência desse ano e postar algumas fotos junto.
Como já ressaltei, os japoneses gostam de apreciar a natureza. Todos os anos, na primavera e no outono, grande número de japoneses saem país a fora para ver as mudanças na paisagem. Na primavera, época das flores, eles saem em busca das sakuras (flores de cerejeira – さくら - 桜). Também nessa época as flores de ameixa (Ume -うめ -梅) também são bastante apreciadas. Existem vários locais do Japão com jardins e parques enormes com ambas as árvores. Nesses locais, as pessoas se reúnem para comer, beber ou apenas gastar um tempo observando as maravilhas da natureza.
A cidade fica bem florida! |
Esse ano, meu hanami foi em um famoso templo de Kyoto. O Kyoumizudera. Ele é bastante conhecido e sempre promove atrações nessa época. Esse ano, durante uma semana, eles abriram o templo a noite, para que as pessoas pudessem apreciar as flores de cerejeira com um bonita iluminação. Estava lindo. Ainda mais, porquê o templo se situa numa montanha e era possível ver toda a cidade de Kyoto de lá. Muitas pessoas, japoneses e estrangeiros, estavam por lá, tirando fotos e apreciando a visão da cidade. Logo depois de sairmos do templo, encontramos um matsuri (feira), no qual comemos um delicioso karaage (frango frito empanado). Um jeito bem japonês de se aproveitar os eventos é esse, apreciando a paisagem e comendo em feiras... Bem, acho que fotos podem descrever melhor o que vi...
O templo da entrada e a visão noturna da cidade. A fundo está a torre de Kyoto. |
Esse templo também faz a mesma coisa no outono, abrindo as portas durante à noite, para que as pessoas possam ver as folhas de maple (momiji –もみじ - 紅葉). Como eu gosto muito das cores do outono, acho que essa é a melhor época para se aproveitar o Japão.
Vivendo no Japão em situações de perigo.
O post sobre o hanami é pequenos, apenas para dividir um pouco da experiência desse ano. Assim, diante da situação que a Ásia vem vivendo com a Coréia do Norte, resolvi falar um pouco sobre isso também.
Desde que Kim Jon Un vem fazendo ameaças de guerra, não só meus parentes, mas amigos, tem manifestado uma grande preocupação a respeito da minha permanência no Japão e até mesmo a posição do japoneses quanto a isso.
Bem, devo dizer que a situação por aqui está bem tranquila. Aqui, a maioria tem consciência que essas ameaças são mais palavras vazias que algo real. Claro que o Japão está preparado caso algo aconteça, mas a probabilidade disso é bem baixa. A população e o governo tem tanta confiança nisso que, mesmo diante de todas as palavras hostis do governante norte coreano, pouco se fala sobre isso. Mídia e população não demonstram grande preocupação sobre uma suposta guerra.
No entanto, as pessoas tem diminuído a ida ao vizinho sul coreano. Como disse uma vez, no meu post de quando visitei a Coréia, os japoneses sempre vão a Coréia do Sul para fazer compras. Eles são um dos maiores grupos de turistas que frequentam o país, movimentando bastante a economia. Diante de todas as ameaças, e como a Coréia do Sul seria um dos primeiros alvos do país socialista, os japoneses estão evitando ir ao país.
Umas das companhias aéreas da minha região, Peach airlines, tem como um dos principais pontos de viagem, o país sul coreano, e mesma está tendo vários problemas com cancelamento de passagens. Diante de tal fato, eles estão vendendo passagens à preço de banana. E isso não é só expressão. A passagem de ida e volta está saindo em torno de 20 doláres. Veja bem, para eu me deslocar para alguns pontos da minha região gasto quase esse valor de trem. E essa companhia aérea está vendendo passagens por esse preço, para outro país. Acho que esse é um dos grandes impactos causados por essas ameaças.
O “engraçado” é perceber que quem está mais preocupado com isso tudo são os estrangeiros. Pelo que converso com as pessoas do Brasil, parece que a mídia internacional está fazendo mais alarde do que a mídia asiática. Acho que isso colabora para que todos fiquem preocupados.
Um fato divertido (na medida do possível), demonstrando que os estrangeiros estão mais preocupados com isso do que os japoneses, ocorreu no sábado passado (dia 13.04). Às 5:34 da manhã, ocorreu um terremoto na ilha de Awaji (a mesma ilha que foi atingida pelo terremoto a 18 anos atrás e que esse terremoto causou a destruição de boa parte da cidade de Kobe - mais informações aqui). Boa parte dos celulares japoneses são programados para darem alertas de perigo nesses casos. E foi o que aconteceu. Às cinco da manhã, meu celular começou a “gritar” como um doido. Dois segundos depois, a casa começou a balançar. A tremedeira durou um pouco mais de um minuto, mas sem estragos (pelo menos na nossa região, pois na ilha de Awaji, o epicentro, algumas pessoas chegaram a se machucar). Fiquei um pouco assustada, mas depois voltei a dormir (a gente acaba se acostumando com cada coisa). Mas a parte cômica da história foi ler no facebook a quantidade de estrangeiros que pensou que isso era algo relativo ao ataque da Coréia do Norte. Foi até comentando que uma pessoa pensou que era o apocalipse, mas depois de perceber que não era nada disso, a mesma pessoa voltou a dormir, tranquilamente.
O que quero dizer com tudo isso é que, pelo menos por enquanto, as coisas por aqui estão normais. Estamos levando a vida normalmente, mesmo com ameaças de guerras e terremotos malucos...