quinta-feira, 20 de outubro de 2011

1 ano de Japão... Medos, esperanças e mudanças


Depois de sumir um tempo, estou de volta… Setembro e outubro foram um pouco conturbados… Isso foi devido a minha mudança e logo em seguida, acabei voltando para o Brasil, de férias.

Sim, fiz em outubro, um ano vivendo em terrinhas japas! E o que levo disso tudo? Experiências incontáveis, medos, tristezas, alegrias, crescimento pessoal, amor, saudade... E sei  que pelos próximos dois anos e meio, também viverei muito mais disso... E vamos, que vamos!

    Vou falar um pouco sobre a minha volta ao Brasil. Mas antes, contarei algo engraçado que me aconteceu no dia que fui ao aeroporto. O aeroporto de Kansai, é uma ilha artificial e fica um pouco afastado da cidade. Por isso, para ir ao aeroporto foram necessários vários procedimentos. Primeiro drama: pegar um táxi. Contatei uma empresa de táxi para me buscar no meu ap, pois era impraticável eu caminhar 20 minutos com a quantidade de malas que eu tinha. E para minha surpresa (estou sendo totalmente irônica mesmo) eles não falavam inglês!!!! Isso me tomou uns 5 minutos, para explicar que eu queria um táxi para me levar para a estação de trem mais próxima! Fora que, paguei quase 20 dólares, para andar 5 minutos de carro! O.o
 Depois de pegar o trem, fiz baldeação para a estacão de JR (empresa pública de trem) para pegar outra linha que me levaria até o aeroporto. Eu estava com a Marina. Corremos que nem loucas para chegar ao trem, pois demora mais de 1 hora para se ir de Umeda (aonde ficava a estação da JR) até aeroporto. Deu tempo de pegar o trem, mas entramos no último vagão. Como era hora do rush, o trem estava lotado e ficamos espremidas com minhas milhares de malas!
   Até ai, tudo bem. No entanto, descobrimos, que aquele trem iria se dividir. Uma parte dele ia para o aeroporto e a outra ia para uma cidade chamada Wakayama. E claro, como Murphy me ama, estávamos na parte do trem que ia para Wakayama. O trem era composto por 8 vagões. 1 ao 4 iam para o aeroporto, já do 5 ao 8 para Wakayama (lembram-se que eu disse que estava no último?!). E o que fazer? O trem fica parado apenas, cerca de 2 minutos em cada estação. Era impossível chegar até o vagão 4 com todas as malas, nesse tempo e com a estação cheia.  Para piorar, não podíamos pegar outro trem, pois eu já estava em cima da hora, e o outro trem só passaria depois de 30 minutos!
    Numa missão quase impossível, primeiro tentamos sair  do trem, e a cada estação entrar em um vagão. Fizemos isso duas vezes, mas percebemos que não ia dar certo, porque tínhamos que correr muito e os trens estavam cheios. Isso dificultava ter que ficar entrando e saindo do vagão com as malas! Fora que, nesse pequeno espaço de tempo, quase perdi meu sapato e cai de cara no chão, além de ter quebrado a minha mala (eu estava com uma urucubaca nesse dia)!
    Por fim, decidimos andar por dentro do trem mesmo. Saímos empurrando minhas malas pelos corredores lotados. Usamos as palavrinhas mágicas sumimasen (com licença) e gomenasai (desculpe), fomos passando por milhares de japas. Fomos o centro das atenções: duas estrangeiras, empurrando malas pelo trem (e incomodando os japas) e falando japonês! Quase o fim do mundo! Hauhauaha!
      Assim conseguimos trocar para a parte certa do trem e enfim, chegar ao aeroporto de Kansai.

Aeroporto de Kansai. Embarque da Qatar.

 
   Sobre voltar para casa....
   Voltar para casa sempre traz um sentimento nostálgico. Rever família, amigos, cachorro... Nossa, foi incrível. 
Antes de partir, estava extremamente preocupada, pois tinha medo do que pudesse encontrar quando chegasse em casa. Milhares de pesamentos passam na sua cabeça, tipo “será que meus amigos se esqueceram de mim? Acho que vai estar tudo tão diferente que não vou mais reconhecer nada!”. Pode até parecer besteira, pois apenas passei um ano fora de casa, mas essas perguntas ficavam sempre na minha mente.
   A viagem foi suuuuper tranquila voando pela Qatar (que é bem mais barata e recomendo para quem, algum dia, quiser visitar as terras nipônicas). 

 Aeroporto do Qatar.

Na hora de ir embora do Qatar.


     Depois de quase 24 horas dentro de um avião, cheguei a São Paulo. E lá, já comecei a sentir falta do Japão. As enormes filas e demora de atendimento no aeroporto (típico jeito brasileiro) quase me fizeram perder o vôo para Brasília.
   Cheguei em Brasília, meia hora depois do previsto (atrasos em aeroporto já viram cliché no Brasil também) e a partir daí, foi só alegria.
   Estar com a família e amigos é impagável. Acho que aprendi a dar muito mais valor a minha família depois de morar sozinha. Falo com eles frequentemente pelo skype, mas você sente falta do contato humano. Falta de ir a padaria comprar um pão e as pessoas pararem para conversar com você (mesmo os desconhecidos), daqueles abraços amigos quando se está deprimido, de poder a qualquer momento, convidar seu amigo para sair, seja apenas para comer um pastel ou sentar na frente de casa e ficar olhando o horizonte, de poder ficar rindo e conversando, sem as pessoas ficarem te olhando estranho... O Japão pode te oferecer muitas coisas, mas isso não.
    Em suma, poder viver tudo isso novamente, mesmo que por um curto espaço de tempo, foi maravilhoso. Me deu energias para voltar e continuar em frente...^^
    Sobre as perguntas que estavam na minha cabeça... Percebi nesses dias, que muitas coisas realmente mudaram. Não só a paisagem, como as pessoas. No entanto, me surpreendi, pois muitas pessoas que achava que tinham se “esquecido” de mim, me receberam bem e me fizeram ter momentos maravilhosos.  E outra coisa que percebi, não foi só eles mudaram, mas eu também mudei. E engraçado foi que alguns deles me disseram que tinham medo de como eu estaria também... 


 
Almoço com os amigos!
    Não é fácil “abandonar” as coisas que construiu, as pessoas que você ama e se dirigir numa empreitada, da qual você não sabe o que esperar. Confesso que me questiono se fiz o certo, mas a vida é assim, feita de mudanças e escolhas. Por mais que você queria que certas coisas nunca mudem, elas vão e cabe a você decidir se você se conseguirá crescer ou não com isso. Eu estou buscando o meu crescimento  (como sei que todos estão buscando o seu próprio caminho) e tenho certeza quando isso tudo terminar, mesmo com essas mudanças a amizade será a mesma!

 
Última foto tirada em Brasília.


  Aproveito esse post e agradeço a todos aqueles que alegraram a minha vida enquanto estive no Brasil! Se Deus quiser, ano que vem estarei por ai de novo!

  Para encerar, uma música que eu acho que combina bem com o post: Por enquanto - Cássia Eller



 "Mudaram as estações, nada mudou,
Mas eu sei que alguma coisa aconteceu, tá tudo assim
tão diferente... Se lembra quando a gente, chegou um
dia a acreditar, que tudo era para sempre, sem saber,
que o para sempre acaba..."